Porque aparece um quadro de Picasso no “Titanic” se nunca lá esteve?
Tudo começou em 1997, quando “Titanic”, protagonizado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, chegou aos cinemas. James Cameron queria usar a obra do mestre do cubismo, que há anos integra a colecção do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), no filme mas a Sociedade dos Direitos dos Autores, que protege a propriedade intelectual de mais de 50 mil artistas, incluindo de Picasso, não autorizou.
A proibição não intimidou Cameron que mesmo assim filmou uma cópia do quadro original, desencadeando um processo judicial contra si. O realizador foi obrigado a pagar uma multa, cujo valor nunca foi revelado, e o assunto ficou arrumado. Até agora.
Com a chegada novamente do filme aos cinemas, a Sociedade dos Direitos dos Autores garante que James Cameron está a usar a imagem do quadro indevidamente. “A nova versão do filme em 3D viola o acordo. Os direitos do artista têm de ser negociados e clarificados, este é um novo uso do trabalho”, disse ao The Art Newspaper, Theodore Feder, chefe executivo da Sociedade, explicando que vai levar novamente o processo a tribunal.
Talvez por causa de todo este caso, nesta nova versão em 3D James Cameron optou por apenas uma cena com a obra, e retirou o plano onde o quadro aparece perdido no mar, já depois do naufrágio. Na versão original, o quadro afunda-se com a maior parte dos bens dos tripulantes.
A obra de Picasso não é a única que aparece no filme. Quando Kate Winslet, que dá vida a Rose DeWitt Bukater, está a arrumar as suas coisas no seu camarim, tem ainda quadros de Monet e Renoir. Logo a seguir ao filme ter estreado, surgiram várias questões sobre se as obras tinham realmente estado no Titanic e por isso a sua referência no filme, facto negado pelas várias instituições que têm os quadros em sua posse há muitos anos.
Sobre o assunto, o realizador não quis fazer qualquer comentário.
Momento do filme em que Rose arruma as obras de arte