TVI deixa medição de audiências da GfK e volta à Marktest
De acordo com o site da TVI, a administradora delegada da Media Capital, Rosa Cullell justifica o abandono da medição da GfK com o facto de não ser possível continuar a trabalhar com um sistema que tem apresentado problemas de medição de telespectadores.
«Em Fevereiro, dissemos à GfK e aos associados da CAEM - Comissão de Análise de Estudos de Meios que o sistema não estava a funcionar e precisava de mais tempo para estabilizar. Ficou a promessa de que isso iria mudar no mês de Março. Mas chegámos ao fim do mês e temos um sistema igual ou pior. Não tenho nada contra ninguém e não vamos deixar de estar na CAEM [a associação que reúne operadores de televisão, as agências de meios e os anunciantes]. Mas não vamos continuar com a GfK porque não se pode trabalhar assim», afirmou a administradora citada pelo site.
O PÚBLICO tentou contactar o director-geral da TVI, José Fragoso mas não foi possível obter qualquer outra explicação até ao momento. Já o presidente da GfK, António Salvador, respondeu que a empresa de audiências não vai fazer quaisquer comentários sobre o assunto.
CAEM vai analisar "consequências contratuais" da decisão da TVINa carta que enviou à CAEM, a TVI diz "não reconhecer a validade dos dados de audiências produzidas pelo painel da GfK". Uma "decisão extemporânea", considera a direcção da CAEM em comunicado, sobretudo porque é tomada "antes de qualquer discussão nos órgãos onde, até agora, todas as decisões foram tomadas, por maioria ou unanimidade".
Mais: a comissão realça que a entrada em funcionamento do painel de audimetria no dia 1 de Março "mereceu o voto favorável da TVI, bem como de todos os outros associados da CAEM". Agora, a comissão vai analisar as "consequências contratuais desta decisão", e irá convocar uma reunião dos associados do sector da televisão para a próxima semana.
Depois de os resultados da GfK terem mostrado uma "fuga" de espectadores dos canais de sinal aberto para o cabo, tendo a RTP1 sido a mais prejudicada, houve também episódios em que o sistema atribuiu zero espectadores a alguns programas emitidos em períodos horários em que garantidamente havia público, e ainda diversos dias em que os resultados demoraram muitas horas a serem disponibilizados ou até não foram, de todo, anunciados.
Se no início a GfK dizia que os seus números revelavam que afinal haveria mais espectadores a ver televisão do que aqueles que a Marktest contabilizava, os dados de domingo passado revelaram uma quebra acentuada no consumo de TV de cerca de 1,5 milhões de pessoas. Um número tão elevado que não pode ser explicado apenas pelo bom tempo que terá feito os portugueses sair para a rua. No caso da TVI, terão mesmo "fugido" do canal cerca de 1,7 milhões de espectadores.
O sistema de medição de audiências da GfK baseia-se na "leitura" do som do televisor, informação que é depois cruzada com a das grelhas dos programas das televisões disponibilizada pela Marktest.
A RTP tem sido a voz mais activa na contestação ao novo painel de medição de audiências, tendo mesmo pedido uma auditoria. Porém, embora a CAEM - Comissão de Análise e Estudos de Meio, que inclui operadores de televisão, anunciantes e agências de meios, tenha anunciado que fará a auditoria, ainda não houve qualquer iniciativa para delinear um caderno de encargos, criticou o presidente da RTP na passada terça-feira.
Notícia actualizada às 17h00 e às 18h30Acrescenta referência à recusa de comentários por parte da GfK e reacção da CAEM