ONU viu imagens idênticas ao vídeo de tortura num hospital sírio

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Imagens captadas pelo vídeo de um ferido acorrentado a uma cama DR

“O Channel 4 mandou-nos estas imagens. Na verdade, temos imagens idênticas”, disse à Reuters Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. “Podem até ser as mesmas imagens enviadas para a comissão de inquérito sobre a Síria. São imagens verdadeiramente chocantes.”

No seu último relatório, divulgado dia 23 de Fevereiro, a comissão de inquérito da ONU identifica 38 centros de detenção onde “documentou casos de tortura e maus-tratos”, para além de escrever que “as agências de segurança continuam a prender feridos em hospitais estatais e a recorrer à tortura para os interrogar sobre a sua suposta participação em manifestações da oposição ou actividades armadas".

O relatório faz ainda uma lista de hospitais que têm “alas inteiras transformadas em centros de tortura”, apontando como um deles o Hospital Militar de Homs, cidade que esteve sob bombardeamentos intensos durante 26 dias.

Para além dos feridos deitados e dos corredores vazios, as imagens do Channel 4 mostram um chicote de borracha e um cabo eléctrico em cima da mesa de um dos quartos. Há homens deitados com marcas que poderiam ter sido feitas com o mesmo cabo eléctrico, confirma ao canal Derrick Pounder, patalogista forense.

“O mais novo que vi tinha 14 ou 15 anos […]. Vi um dos médicos deitar álcool nas partes púbicas de um rapaz e pegar-lhes fogo”, descreve o funcionário que gravou as imagens, numa entrevista ao fotojornalista francês, identificado como “Mani”, que saiu da Síria com o vídeo. Segundo este relato, há médicos a participar nas torturas ao lado de membros das temidas Mukhabarat, os serviços secretos do regime de Bashar al-Assad.

A tortura é documentada na Síria há 40 anos, “normalmente realizada ao abrigo da legislação de segurança”, lembra Rupert Colville. “A brutalidade das forças de segurança do país é conhecida. Os métodos de tortura, a maioria usados há muitos anos, incluem espancamentos, choques eléctricos, suspensão pelos membros por longos períodos de tempo, tortura psicológica e humilhação rotineira.”

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