Stress, violência e assédio serão principais factores de absentismo laboral a partir de 2014
Segundo Luís Nascimento Lopes, Coordenador Executivo para a Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho da ACT, aqueles factores de risco “caminham muito rapidamente” para se assumirem como o principal problema do absentismo do local de trabalho em Portugal, ultrapassando as lesões musculares, que até há relativamente pouco tempo se pensava que continuariam a liderar o ranking pelo menos até 2018 ou 2020.
Luís Lopes sublinhou que, sobretudo por causa da crise, “as previsões alteraram-se radical e drasticamente”, pelo que a partir de 2014 os factores psicossociais deverão passar para o primeiro lugar.
Lembrou que estes factores, pelo carácter “quase íntimo” de que se revestem, “são muito difíceis de detectar” por alguém exterior à empresa ou instituição do trabalhador.
“Mais do que o médico do trabalho, quem os pode detectar e avaliar muito melhor é o colega do lado, já que um dos principais indicadores é a alteração comportamental”, referiu.
Admitiu, no entanto, que um dos grandes problemas para a detecção atempada dos factores psicossociais é a “falta de solidariedade” no local de trabalho.
Luís Lopes falava em Vila Nova de Famalicão, no decorrer do seminário “Factores de risco psicossociais no trabalho”, promovido pela Associação de Desenvolvimento Regional do Vale do Ave.
Sublinhou que, por este ser um problema emergente, o Comité dos Altos Responsáveis da Inspecção do Trabalho (CARIT) decidiu desenvolver, ao longo de 2012, a Campanha Europeia de Avaliação de Riscos Psicossociais, que em Portugal incidirá essencialmente sobre a área da saúde.
Para Luís Lopes, esta campanha tem “um enorme mérito”, por chamar a atenção dos inspectores do trabalho para estes riscos emergentes, mas também tem “uma fraqueza enorme”, por deixar de fora os médicos.
“Está amputada, é um cavalo de três pernas, não vai ganhar corrida nenhuma”, referiu.
No seminário participou também a investigadora Hermínia Lamy, que afirmou que na União Europeia os factores de risco psicossociais afectam 8% dos trabalhadores.
Os sectores mais vulneráveis são os da emergência (bombeiros, polícias), saúde, educação, bancário e a linha da frente do atendimento ao público.