A engenharia procura cada vez mais ideias na natureza

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A análise dos processos é feita com a ajuda de modelos computacionais DR

O vídeo pode ser visto aqui. “Nem sempre a engenharia se inspirou na natureza, mas quando o fez os avanços foram revolucionários”, disse ao PÚBLICO o investigador Mário Barbosa, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, especialista em medicina regenerativa, com utilização de biomateriais e nanotecnologias.

Para o investigador, a tradição de estudar a natureza para encontrar novas ideias de engenharia ainda é pequena, mas há uma tendência crescente. “É um movimento imparável”, disse Barbosa, acrescentando que os alunos de bioengenharia são hoje treinados para olhar os “sinais inscritos nos sistemas vivos e descodificá-los, de modo a poderem desenvolver novos produtos”.

Um dos exemplo mais típicos do chamado biomimetismo – produzir objectos de engenharia que imitam processos biológicos – é o velcro, que se inspirou na forma das patas do Gecko, um lagarto capaz de andar nas superfícies lisas. “A parte inferior das patas é constituída por milhões de pequenos pêlos que se ligam às superfícies usando forças bastante fracas. Porém, como os pontos de contacto são muitíssimos, o animal consegue andar em todas as superfícies”, explicou o cientista.

Uma das áreas mais importantes que se está a desenvolver e tem impacto na qualidade de vida das pessoas é a regeneração dos tecidos e órgãos. “No nosso instituto estão a ser produzidos biomateriais destinados à regeneração de tecidos humanos, que se inspiram em materiais em animais marinhos, como o ouriço-do-mar e o camarão, e em componentes dos próprios tecidos humanos”, disse o cientista.

O “Engenharia num minuto” é uma rubrica produzida pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, para a divulgação de ciência. O PÚBLICO é parceiro neste projecto e vai, nos próximos meses, publicar duas edições aos fins-de-semana.