Ministra contesta estudo da Deco sobre cuidados paliativos

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Deco “não pode comparar o que existe com o que não havia”, argumenta Ana Jorge Miguel Manso

No estudo, divulgado sexta-feira, a Deco revela que os cuidados paliativos em Portugal são cada vez mais procurados, mas o sistema não tem capacidade de resposta e a situação está pior do que há cinco anos.

“Não podemos comparar [e dizer] que agora estamos pior do que antes de 2005, porque não podemos comparar o que existe com aquilo que não havia”, afirmou à agência Lusa a ministra Ana Jorge.

Segundo a titular da pasta da Saúde, actualmente o número de camas dedicadas aos cuidados paliativos integrados na rede “ultrapassa as 200, são cerca de 250”.

“Quando a Deco diz que há menos, não sei onde é que há menos”, acrescentou.

Frisou que o Governo tem vindo a aumentar a capacidade da rede e a diferenciar os profissionais que podem prestar cuidados paliativos.

“Defendemos, obviamente, que os cuidados paliativos fazem parte integrante da rede de cuidados continuados integrados. Porque é a única maneira dos portugueses poderem ter acesso a cuidados de qualidade em todo o país”, argumentou Ana Jorge.

O estudo da Deco teve por base um questionário anónimo realizado em Junho de 2010 junto de familiares de pessoas que morreram com doença terminal, tendo sido obtidas 1392 respostas válidas.

O inquérito foi feito também a 992 médicos e 1361 enfermeiros.

“Há cinco anos, quando realizámos o último inquérito sobre o tema, as unidades públicas de cuidados paliativos eram em número reduzido. Desde então, apesar de sucessivas reestruturações e novas opções surgidas no privado (que se espera serem integrados na rede pública), a resposta do sistema é ainda mais fraca. Os serviços são mais conhecidos e há mais procura. Face ao último estudo, as listas de espera dispararam”, lê-se no estudo.

A Deco explica a diferença entre cuidados paliativos – prestados por uma equipa multidisciplinar com vista a aliviar a dor e o sofrimento de doentes terminais – e os cuidados de fim de vida, que correspondem aos cuidados convencionais e que não funcionam em lógica de equipa.

Com base nesta distinção, a associação de defesa do consumidor revela que menos de metade do universo estudado teve apenas cuidados de fim de vida, um terço teve uma combinação dos dois e só um quinto ficou a cargo de uma equipa multidisciplinar.

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