Governo espanhol publica mapa de valas comuns da Guerra Civil e do franquismo
O mapa de Espanha aparece repleto de pintas vermelhas, verdes ou amarelas, não há nenhuma comunidade em branco. São marcas que assinalam os locais onde se encontram valas comuns com vítimas da Guerra Civil que se prolongou de 1936 a 1939 e causou cerca de um milhão de mortos, ou com as vítimas da repressão do franquismo que se prolongou até 1975. Para os investigadores, o “site” inaugurado nesta quinta-feira, www.memoriahistorica.gob.es, será uma fonte de informação indispensável.
O mapa junta-se assim aos arquivos disponibilizados no “site” do Ministério da Justiça e foi criado ao abrigo da Lei da Memória Histórica, de 2007, que prevê o reconhecimento e a realização de iniciativas sobre as vítimas da Guerra Civil e da ditadura. É aí que agora se podem consultar arquivos históricos ou procurar por desaparecidos.
A quantidade de valas comuns sinalizada deixa o mapa de Espanha quase coberto. São mais de 2000 os locais onde foram sepultadas vítimas da guerra e da ditadura e dessas valas comuns só 250 foram abertas para que os corpos fossem identificados, sublinhou o "El País”.
Os dados foram compilados pelas comunidades autónomas e por associações para a preservação da memória histórica. No mapa foram assinaladas as valas comuns onde já houve exumações ou transladações para o memorial de Valle de Los Caídos, junto a Madrid. Mas na maioria das 2246 valas comuns referenciadas não houve ainda qualquer intervenção.
Grande parte das valas estão localizadas em Aragão (594) e Andaluzia (492), mas não há região onde não existam ou tenham existido. Na página podem agora encontrar-se descrições das valas, bem como o número de vítimas aí sepultados e, por vezes, a sua identidade.
O ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, sublinhou que o mapa agora apresentado é uma primeira versão que deverá ainda ser actualizado com informações sobre novas localizações ou mais dados sobre as valas já referenciadas. Ao todo já foram exumados os corpos de 5407 vítimas, segundo o “El País”, das quais 2840 estavam numa única vala comum e 152 eram mulheres. “Nenhum ser humano merece ser sepultado assim”, considerou Rubalcaba.