Descoberta a adega de vinho mais antiga do mundo
“Esta é, para já, a mais antiga adega de vinho, com prensa, cubas de fermentação e vasilhas para armazenamento no local”, disse citado pela AFP Hans Barnard, um dos autores do artigo sobre a descoberta publicado na revista Journal of Archaeological Science. A gruta, que fica perto da cidade de Areni, junto da fronteira com o Irão, já tinha sido notícia em Junho do ano passado devido à descoberta de um mocassim de couro com 5500 anos.
Os artefactos descobertos agora pela equipa internacional de investigadores arménios, irlandeses e norte-americanos dão o panorama geral de como era um unidade de produção de vinho. No local também se identificaram sementes de uva, ramos envelhecidos dos cachos, uvas prensadas, além de copos e taças para beber.
As análises laboratoriais feitas aos resíduos retirados da cuba encontraram pigmentos que só existem nas uvas e nas romãs. As análises às sementes mostraram que as uvas utilizadas são da variedade Vitis vinifera vinifera, a mesma das vinhas de hoje.
“Pela primeira vez temos uma imagem arqueológica completa do que foi a produção de vinho há 6100 anos”, disse o arménio Gregory Areshian, co-director da escavação, da Universidade da Califórnia. Os vestígios mais antigos que se conheciam comparáveis com os que foram encontrados agora no Cáucaso, estavam num túmulo com 5100 anos, do rei Escorpião I do antigo Egipto.
A data do sítio arqueológico na Arménia é entre 4100 e 4000 a.C., na altura da Idade do Cobre. Apesar da maioria do conhecimento histórico desta altura se centrar nas civilizações que se desenvolviam no Egipto ou na Mesopotâmia, Gregory Areshian defende que “existiam muitos centros únicos, especializados, de civilização no mundo antigo, que hoje só conseguimos olhar como um mosaico de populações.”
Não se conhece a identidade do povo que habitava aquele local, os cientistas acreditam que as prensas de vinho seriam utilizadas pelos precedentes do povo Kura-Araxes, um dos primeiros povos transcaucasianos. Segundo os investigadores, este vinho seria utilizado em cerimónias fúnebres, já que as prensas e os jarros de vinho estavam junto de túmulos.
“Este vinho não era utilizado para [as pessoas] desanuviarem no final do dia”, disse Areshian. “Isto era uma adega relativamente pequena que estava ligada ao local dentro da gruta. Para o consumo diário, eles teriam prensas muito maiores na aldeia.”