Nidificação dos flamingos no Algarve acabou sem crias
“Viemos à Lagoa dos Salgados tentar perceber o que aconteceu. Mas já não há nidificação. Parece que os flamingos [ Phoenicopterus roseus] não tiveram sucesso”, contou esta manhã Luís Costa, director-executivo da Spea, ao PÚBLICO.
O acontecimento era, de alguma forma, esperado. “Isto era mais ou menos esperado. É algo habitual até que uma colónia se consiga estabelecer”, explicou, referindo-se à tentativa feita por aquelas aves na lagoa costeira, entre os concelhos de Albufeira e de Silves.
Os dois ninhos, construídos nas águas da lagoa, tinham sido encontrados por um observador de aves que contactou a Spea. Nessa altura, os animais estavam a incubar os ovos.
Luís Costa acredita que os ovos possam ter sido predados por cães vadios e lamenta que as entidades locais nada tenham feito para diminuir a perturbação da zona.
A lagoa, um dos sítios mais importantes do Algarve para a conservação das aves, não tem qualquer estatuto de protecção legal. Mas a Spea e a Birdlife International classificaram-na como IBA (Área Importante para as Aves).
Segundo o responsável, “provavelmente os flamingos vão voltar a tentar para o ano e, talvez, dentro de dois, três anos, a nidificação da espécie aqui seja uma realidade”.
Em Portugal, a espécie pode ser observada durante todo o ano – nas zonas húmidas litorais desde o estuário do Tejo até ao Algarve -, sendo a maioria dos indivíduos provenientes das colónias de Espanha. Mas, até agora, nunca se tinha estabelecido como nidificante. Apenas no final dos anos 80 foi registada uma tentativa de nidificação nos sapais de Castro Marim, mas sem sucesso.