Plano de formação para candidatos à adopção pretende evitar devolução de crianças

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Numa primeira fase, as crianças podem não querer ser beijadas, o que é normal Nélson Garrido

O plano resulta de uma parceria entre o Instituto de Segurança Social (ISS) e investigadores da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (FPCE) da Universidade do Porto e começará a ser aplicado nos próximos meses, diz Isabel Pastor, chefe de sector para a adopção do ISS. Na prática, obrigará os candidatos a pais (actualmente existem 2400) a frequentar até cerca de uma dezena de sessões de grupo, com à volta de três horas cada.

Isabel Pastor nota que a actual taxa de insucesso na adopção ("três ou quatro por cento") é baixa face ao número de adopções decretadas. E que tudo indica que este ano até haverá "uma redução deste número". Ainda assim, há muito que tinha sido identificada a necessidade de capacitar mais quem adopta. Há, neste momento, 618 meninos em fase de pré-adopção (já integrados em famílias) e cerca de 550 à espera de candidatos.

Como se ensina a receber uma criança que passou muito da sua vida numa instituição de acolhimento? Explicando, por exemplo, que é comum que, numa primeira fase, estes meninos não queiram ser abraçados ou beijados, que isso não significa que a vinculação esteja a falhar, que "há formas de ultrapassar" estes problemas, diz Pastor.

O plano prevê que a formação co_

mece logo no início do processo. Quem entregar a sua candidatura à adopção e cumprir os requisitos legais será chamado para uma primeira sessão de cerca de 3,5 horas na qual receberá informação sobre as características das crianças adoptáveis, "as necessidades especiais que podem revelar tendo em conta um passado que têm - que pode ser de abandono, de negligência". Até agora, essas informações eram prestadas numa entrevista informativa que não obedecia a procedimentos uniformes.

Depois, os candidatos serão sucessivamente chamados para novos módulos - a formação mais intensiva (cinco sessões) acontece enquanto esperam que uma criança lhes seja entregue, mas continua na fase de pré-adopção.

À FPCE cabe acompanhar o plano e formar os técnicos das equipas de adopção do ISS.

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