Paulo Portas e José Sócrates trocam críticas sobre avaliação professores na AR

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Portas acusa o Governo de fazer depender a progressão de um professor na carreira das notas que atribui aos alunos Carlos Lopes (arquivo)

"É um sistema perverso, absurdo, impossível de levar à prática", afirmou Paulo Portas na sua intervenção durante o debate, que o chefe de Governo dedicou ao tema dos equipamentos sociais das áreas metropolitanas.

Reiterando que o novo regime "não merece de todo uma nota positiva", o dirigente democrata-cristão centrou as críticas no "erro" que é fazer depender a progressão de um professor na carreira das notas que atribui aos alunos. "O professor é transformado em burocrata da avaliação e o aluno num número estatístico", defendeu Paulo Portas, considerando que o novo sistema de avaliação de professores "relativiza o mérito escolar".

Dando como exemplo o caso de um professor do segundo ciclo com uma turma de 25 alunos, dos quais dez sem conhecimento da matéria dada, Paulo Portas questionou o primeiro-ministro sobre o que deve o docente fazer. "Sabendo que a nota conta para a progressão, o professor arrisca a progressão na carreira ou inflaciona as notas dos alunos?", interrogou o líder do CDS-PP.

Na resposta, José Sócrates acusou Paulo Portas de "total demagogia", negando que a avaliação dos professores esteja apenas dependente das notas que atribui aos alunos. "É um factor entre outros, tem uma ponderação de seis pontos, em 50 possíveis", afirmou o primeiro-ministro, sustentando que "não há nada de mais injusto para os professores, as famílias e os alunos do que não haver avaliação" dos docentes.

Lançando várias críticas à "infinita demagogia" do líder democrata-cristão, José Sócrates assinalou ainda o facto de Paulo Portas nada ter feito relativamente à avaliação dos professores durante os três anos em que integrou o Governo de maioria PSD/CDS-PP. "Como é possível falar em rigor, quando esteve no Governo convivendo com a pior das injustiças", questionou.

"Vejo que continua preocupado com a época pré-Sócrates, quando o país já está preocupado com a época pós -Sócrates", replicou Paulo Portas. "O que o país já pensava é que estava na época pós-Portas. Afinal, o seu regresso é que é um regresso ao passado", contrapôs o primeiro-ministro.