Primeira mulher com transplante de antebraços e mãos já acaricia o rosto

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Paciente foi a sétima pessoa no mundo e a primeira mulher submetida a este tipo de transplante DR

Alba foi a sétima pessoa no mundo submetida a este tipo de transplante, efectuado a 30 de Novembro por uma equipa da Fundação Pedro Cavadas, de Valência, especializado em cirurgia reconstrutiva.

O próprio director da fundação, Pedro Cavadas, deu na véspera uma conferência de imprensa em que informou que a paciente foi operada durante dez horas no hospital La Fe.

Luís Landin explicou hoje que o facto de Alba acariciar a cara "é um sinal claro de que aceita a sua nova situação".

Segundo o médico, a paciente está em boas condições clínicas, pode mover os dedos e, no futuro, depois de um processo de fisioterapia e reabilitação, "pode levar uma vida o mais normal possível".

A cidadã colombiana, que há três décadas perdeu as mãos e os antebraços num acidente com pólvora, reside em Espanha há dez anos e há mais de dois foi a uma consulta da Fundação Cavadas.

"Era um caso que não podíamos deixar passar. Ela solicitou o transplante e como psicologicamente era uma boa candidata e o nível de amputação era favorável, iniciaram-se os trâmites administrativos que duraram dois anos", explicou Landin.

O cirurgião disse à agência EFE que, embora Alba já mova os dedos, faltam seis meses para que sinta as pontas dos dedos: "Reparámos os nervos para que ela recupere a sensibilidade, mas há que esperar que cresçam".

O Conselho de Saúde de Valência divulgou hoje um comunicado a salientar que a situação clínica da paciente é boa e que hoje começaram as sessões de reabilitação necessárias para recuperar a mobilidade.

Alba é a primeira mulher no mundo que recebe um transplante completo de antebraços e mãos: até agora registaram-se 24 transplantes de mão em todo o mundo e só seis foram bilaterais e em homens: em França, Áustria e China.

A operação

Segundo a Fundação Cavadas, o transplante foi efectuado com técnicas inovadoras, conseguindo-se diminuir pelo menos em quatro horas o tempo de suspensão da circulação sanguínea (isquemia) dos membros implantados.

Segundo a equipa médica, a paciente foi preparada imunologicamente para evitar a rejeição das mãos mediante um procedimento inovador de engenharia genética.

Enquanto uma parte da equipa médica extraía ambos os membros superiores desde o cotovelo do cadáver doador — com prévia autorização da sua família —, outra equipa de médicos intervinha no corpo da receptora preparando os seus cotos para a reparação dos ossos, artérias, veias, nervos e tendões.

A equipa médica da Fundação Cavadas realiza 1400 cirurgias por ano, com técnicas de microcirurgia que beneficiam pacientes com escassas probabilidades de poderem vir a ser operados ou que tinham ficado com sequelas de difícil reparação.