APE: obra de Orlando da Costa foi "dos momentos mais relevantes da ficção portuguesa"

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Orlando da Costa "contribuiu com os seus romances, os seus poemas e a sua dramaturgia para uma renovação de formas e temas que trouxeram à literatura portuguesa uma base próxima do neo-realismo, com textos e realizações inconfundíveis", comentou José Manuel Mendes.

"Esboçando um desenho muito rigoroso do país ao tempo da ditadura e depois dela, nunca esqueceu a rede de questionamentos psicológicos que era expressão de um modo singularíssimo de compreensão do homem português na sua totalidade" , acrescentou.

O escritor Mário de Carvalho destacou a "humanidade e companheirismo" do romancista e classificou a sua prosa como "muito apurada", com um “grande domínio do português”.

"Era uma pessoa perfeitamente extraordinária, com um sentido de camaradagem invulgar e destacava-se pelo sentido de humanidade, companheirismo e sensatez".

De todos os livros, o escritor realça "Podem Chamar-me Eurídice", que considera ser "um dos bons romances que se escreveram no século XX".

"É uma história de resistência e uma história de um grande amor, escrita com uma técnica muito apurada, também com ternura e com um sentido épico e lírico", acrescentou.

"O Signo da Ira" é outra das obras de Orlando da Costa que é destaca por Mário de Carvalho.

Orlando da Costa nasceu em Lourenço Marques, actual Maputo, em 1929, e viveu a infância e adolescência em Goa, donde recolheu inspiração para algumas obras. Em 1947 veio para Lisboa, onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras.

O corpo de Orlando da Costa está em câmara ardente desde as 15h30 de hoje na Basílica da Estrela. O funeral segue amanhã, pelas 18h00, para o cemitério do Alto de São João, em Lisboa, onde pelas 19h00 o corpo será cremado.