Perfil: "Miki" para os amigos O filho do presidente do FC Porto, Alexandre Pinto da Costa, passou pela Hungria para observar um jogador do Ferencvaros, mas substituiu-o rapidamente por um jovem louro e forte da equipa adversária, o modesto FC ETO Gyor. Pouco tempo depois, o miúdo da terra assinava pelo FC Porto (um contrato que rondou os cem mil contos) aos 19 anos e era apresentado nas Antas como uma aposta no futuro. Fehér, internacional pela Hungria, não era um craque, mas quem o via dedicar-se ao jogo percebia quase imediatamente o espirito combativo e empreendedor, a raça entre os centrais e a facilidade de remate. Não era demasiado alto (1,84), não era demasiado pesado (78kg), nem sequer era demasiado veloz. Normalmente era apenas q.b. e senhor de uma técnica razoável. Vítima de alguma imaturidade e do factor Mário Jardel, Fehér passou dois anos na condição de reservista mal rentabilizado, só chegando mesmo a dar nas vistas graças a um arranque notável (quatro golos em três jogos) ao serviço do Sporting de Braga na temporada 2000/01, época que concluiu com o recorde pessoal de 14 golos - Manuel Cajuda, agora no Marítimo, foi sempre um grande defensor das qualidades do atleta -, isto depois de ter sido fundamental na permanência do Salgueiros na I Divisão. Emprestado ao Braga, "Miki", como gostava que os verdadeiros amigos o tratassem, era um dos jogadores mais mal pagos dos quadros portistas, vendo-se ainda envolvido numa guerra que não era sua (Pinto da Costa/José Veiga). Esquecido na equipa B, salta para o Benfica, tendo sido utilizado em 17 ocasiões (quatro golos) no ano da passagem de testemunho de Jesualdo Ferreira para António Camacho. Até anteontem, a transferência do húngaro do FC Porto para o Benfica era ainda notícia. Como indemnização, a Comissão Arbitral da Liga obrigou o clube da Luz a pagar 600 mil euros aos portistas. Tanto o Benfica (porque consideram que deveria ser totalmente absolvidos) como o FC Porto (que pedia seis milhões de euros) anunciaram que iriam recorrer da decisão. Fehér, que casava no próximo mês de Junho com uma conterrânea húngara, foi mal aproveitado.Luís Octávio Costa/PÚBLICO |
Outros casos de morte súbita de atletas em campo Julho de 2003 - Maximiliano Patrick Ferreira (Brasil) Junho 2003 - Marc-Vivien Foe (Camarões) Abril de 2003 - Nuno Mendes (Portugal) Fevereiro de 2003 - José Roberto Rodas (Paraguai) Março 2002 - Paulo Pinto (Portugal) Outubro de 2002 - Márcio dos Santos (Brasil) Novembro de 2001 - Ernesto de la Torre (Espanha) Março de 2001 - Diego Garcia (Espanha) Agosto de 1999 - Samuel Okwaraji (Nigéria) Setembro de 1990 - Dave Longhurst (Inglaterra) Agosto de 1987 - Navalho (Portugal) Dezembro de 1973 - Pavão (Portugal) Julho de 1963 - Constantin Tabarcea (Roménia) |
Morreu Miklos Fehér
"Era a notícia que não queríamos dar, mas posso confirmar o falecimento do nosso jogador Miklos Fehér", anunciou aos jornalistas o director de comunicação do Benfica, Cunha e Vaz. Logo depois do anúncio do Benfica seguiu-se uma breve comunicação aos jornalistas por parte do médico Fausto Miguel, do hospital de Guimarães.
De acordo com o clínico, Fehér chegou aos serviços de urgência em paragem cardio-respiratória, às 21h45, tendo sido "de imediato efectuadas todas as manobras de emergência e medidas de socorro avançado". Às 23h10, e depois das tentativas de reanimação falhadas, a equipa médica declarou o óbito do jogador.
Fausto Miguel adiantou ainda que o corpo de Fehér irá permanecer esta noite na morgue do hospital para ser submetido amanhã a uma autópsia e exames periciais necessários para esclarecer as causas da sua morte.
Pouco tempo depois de o jogador do Benfica Fernando Aguiar ter marcado o único golo da partida que opôs os encarnados ao Vitória de Guimarães, já bem perto do final do jogo, Miklos Fehér, de 24 anos, caiu inconsciente no relvado. O jovem húngaro acabara de ver um cartão amarelo por ter impedido a reposição da bola em jogo por parte de um jogador do Vitória de Guimarães. Fehér esboçou um sorriso, em resposta à admoestação do árbitro Olegário Benquerença e, quase de imediato, caiu inanimado no relvado.
Os colegas de equipa rodearam de imediato o jogador, que esteve a ser assistido pela equipa médica do Benfica durante mais de 15 minutos. Nesse período foram feitas várias tentativas de reanimação (chegou-se mesmo a avançar que o futebolista tinha recuperado a consciência), até que foi chamada a ambulância, que transportou Fehér para o hospital de Guimarães.
O jogo estava a ser transmitido em directo pela SporTV, pelo que foi visível a consternação que se apossou de todos os presentes no Estádio D. Afonso Henriques. Os jogadores do Benfica Tiago, Miguel e Simão Sabrosa estavam inconsoláveis, deitados no relvado, a chorar; vários outros colegas de Fehér rezavam, amparados pelos jogadores do Vitória de Guimarães; o treinador José António Camacho não conseguia conter as lágrimas.
A saída de Miklos Fehér de ambulância foi aplaudida de pé pelos adeptos de ambas as equipas e o jogador do Benfica Miguel chegou mesmo a oferecer a sua camisola à claque do Vitória de Guimarães.
A partida terminou logo que a bola foi reposta em jogo e os jogadores rumaram aos balneários visivelmente abalados, de onde seguiram de autocarro para as urgências do hospital de Guimarães. Também o presidente e o vice-presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira e Seara Cardoso, respectivamente, bem com outros dirigentes do clube e também alguns jogadores do Vitória de Guimarães, acompanhados pelo presidente do clube, Pimenta Machado, dirigiram-se para o hospital para se inteirarem da situação do jogador húngaro.
Médicos do Benfica e Guimarães garantem que nada faltou no socorro a FehérO médico do Benfica, João Paulo Almeida, como porta-voz de um comunicado conjunto dos departamentos médicos de Benfica e Guimarães, garantiu que existia à disposição todo o equipamento necessário para socorrer Fehér.
"Cerca das 21h15, durante o jogo Vitória de Guimarães-Benfica, o atleta Miklos Fehér caiu prostrado, sem nenhum contacto físico. Foi, de imediato, assistido pelos dois departamentos médicos, verificando- se um quadro clínico de paragem cardíaca", explicou.
Ainda de acordo com o comunicado, "foram, depois, iniciadas as manobras de ressuscitação adequadas, até permitir o seu transporte para o hospital, existindo à disposição todo o equipamento necessário para este tipo de ressuscitação, incluindo desfibrilador".
"Logo após essas manobras, foi transportado pelo INEM para o Hospital de Sra. de Oliveira, onde veio a falecer pelas 23h10", termina a nota.