Ana Hatherly recebe prémio de poesia na Croácia
Em declarações hoje à Agência Lusa, a poetisa revelou que venceu o concurso de sonetos deste festival com o poema "Auto-retrato parafraseando soror Joana Inês de La Cruz e soror Madalena de Gloria".
Este é o segundo galardão que Ana Hatherly recebe em menos de um mês, depois de ter sido laureada com o prémio de poesia Évelyne Encelot, no dia 12, em França, que distingue mulheres europeias pelos seus feitos nas artes ou nas ciências.
"Os dois prémios que recebi servem sobretudo para chamar a atenção da Europa para a cultura portuguesa", referiu Ana Hatherly.
No entender da autora, "é preciso conhecer melhor a cultura que constitui a Europa" e iniciativas como o evento na Croácia servem também para dar a conhecer os autores portugueses.
Além de Ana Hatherly, no Hanibal Lucic Sonnet Days, estiveram também presentes os escritores Casimiro de Brito, Luís Filipe Sarmento e Fernando Dias Antunes.
Ana Hatherly foi escolhida como a melhor sonetista de entre os participantes, oriundos de vários países da Europa, recebendo uma placa de bronze.
No próximo ano, a escritora portuguesa fará parte do júri que escolherá os melhores sonetos do evento.
O Hanibal Lucic Sonnet Days é um evento cultural que integra várias iniciativas, entre elas concursos de sonetos, peças de teatro, exposições e leitura de poemas.
O evento inspira-se em Hanibal Lucic (1485-1553), poeta natural de Hvar, considerado um dos mais sonantes nomes da literatura croata do período renascentista.
Poetisa experimental
Poetisa, romancista, ensaísta e tradutora, Ana Hatherly iniciou a carreira literária em 1958, foi um dos principais elementos do grupo de Poesia Experimental nos anos 60 e 70 e dedicou-se à poesia visual e ao barroco.
Entre a sua obra poética contam-se "Um Ritmo Perdido" (1958), "As Aparências" (1959), "Anagramático" (1970), "O Escritor" (1975), "O Cisne Intacto" (1983), "A Cidade das Palavras" (1988) ou "A Idade da Escrita" (1998).
Na prosa assinou as ficções "O Mestre" (1963), "Crónicas, Anacrónicas, Quase-Tisanas e outras Neo-Prosas" (1977) e "Anacrusa" (1983), além de múltiplos ensaios sobre poesia, crítica e leitura.