Polícia "herói" do Brasil é preso por facilitar contrabando
Esta não é a primeira vez que o agente Newton Ishii, "o japonês da Federal", é acusado de contrabando.
Newton Ishii, um dos agentes da Polícia Federal brasileira conhecido por escoltar os empresários e políticos envolvidos na Operação Lava-Jato, foi esta terça-feira condenado a quatro anos e dois meses de prisão por facilitação de contrabando. A pena, atribuída em segunda instância, deverá ser cumprida em regime semiaberto, que obriga a um recolher à noite ou o uso de pulseira electrónica. Para já, ainda não se sabe qual será o regime cumprido por Newton Ishii, conhecido como "o japonês da Federal".
O processo contra o agente Ishii já estava no Superior Tribunal de Justiça há pelo menos dois anos. Uma recente decisão do Supremo Tribunal Federal em mudar a jurisprudência determinou a execução da pena após o julgamento em segunda instância. Uma decisão aplaudida e celebrada pelas forças de autoridade ligadas à Lava-Jato, que acreditam agora numa maior eficiência da Justiça e num combate à impunidade.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o agente da polícia soube da ordem judicial pouco depois do almoço e entregou-se aos colegas da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, onde trabalha desde 2014. Ishii está agora detido numa sala da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, curiosamente a mesma que abriga presos da Operação Lava-Jato.
Esta não é a primeira vez que o agente é acusado de contrabando. Há 13 anos, em 2003, Ishii esteve detido por ter facilitado a entrada de mercadoria contrabandeada vinda do Paraguai. Para além das acusações de contrabando, o agente está também a ser investigado por fugas de informação sobre operações da Polícia Federal, nomeadamente em relação à Petrobras.
No entanto, o mesmo jornal brasileiro adianta que a pena pode ser reduzida para oito meses, um terço do total, por se tratar da primeira vez que se senta no banco dos réus. Além disso, como já esteve detido durante quatro meses, a pena a ser cumprida pode vir a ser de apenas mais quatro meses (perfazendo o total de oito aplicáveis nesta condenação).
Apesar da possibilidade de uma forte redução na sua pena, com esta condenação o agente deverá ser afastado da Operação Lava-Jato e pode ser demitido da Polícia Federal, onde é chefe do núcleo de operações da Polícia Federal de Curitiba, capital do estado de Paraná, no Sul do Brasil, e responsável pela logística e escolta de presos.