Obama, patrocinador da ocupação ou da paz?
Será que o Presidente Obama enganou toda a gente, incluindo a mim mesmo? Ou será que irá contrabalançar, com coragem, a tal ajuda militar?
O acordo de ajuda militar dos EUA, assinado a 14 de Setembro, que concede a Israel 38 mil milhões de dólares, é o acordo com o maior número monetário na história das relações entre estes dois países. Este pacote é considerado, neste momento, como o último prego no caixão da paz no Médio Oriente, martelado por Obama nas suas últimas semanas como Presidente dos Estados Unidos, a não for que este for contrabalançado. Este número é uma doação de 300 dólares por ano (tirada a força) de cada contribuinte norte-americano, por um período de dez anos. Esta quantia, sem dúvida, faz falta aos norte-americanos para melhorar o seu ensino público e o sistema de saúde.
Em resposta a este acordo muito generoso, Gideon Levy, um analista político e jornalista israelita conhecido, argumentou que, Obama é "patrocinador da ocupação" e um "mau presidente de Israel" (Haaretz, 18 Set. 2016). De forma simples, esta enorme quantidade de dinheiro não reforça a segurança de Israel, mas sim fortalece o seu estatuto como um país acima do Direito Internacional.
Desde o seu estabelecimento, em 1948, Israel recebeu um apoio financeiro e militar de todos os países ocidentais, maior do que qualquer outro país no mundo. Aliás, os países ocidentais criaram Israel para proteger os seus próprios interesses numa região (o Médio Oriente) conhecida por ser a mais rica em recursos naturais e com enorme importância geopolítica. Israel, desde 1973, já recebeu 100 mil milhões de dólares, valor este vindo só e apenas dos Estados Unidos.
Consequentemente, Israel tornou-se um dos países mais fortes do mundo na área militar. Forte o suficiente para impedir e combater todos os seus países vizinhos, com o seu arsenal nuclear de, no mínimo, 200 ogivas.
Nos últimos 8 anos, desde que Obama se mudou para a Casa Branca, Israel tem vindo a desfrutar de uma licença para matar, dada pela administração deste Presidente. Algo que é descaradamente comprovado pelas suas três guerras contra palestinianos civis em Gaza, onde a maioria das vítimas foram mulheres e crianças, e onde se causaram danos a infra-estruturas civis.
Ironicamente, como retorno, o Presidente Obama foi insultado, pela mesma liderança israelita, mais do que qualquer outro Presidente norte-americano.
Netanyahu apoia, abertamente, um outro candidato, apresentando até, no Congresso dos Estados Unidos, um discurso contra Obama. O seu porta-voz disse, mesmo, que Obama é "anti-semita". Ninguém tem dúvidas da inteligência de Obama, um Presidente que, contra todas as expectativas, ganhou as eleições duas vezes, apesar da natureza da sociedade norte-americana. Por outro lado e contra todas as regras do comité, foi-lhe concedido o mais prestigiado Prémio Nobel, apenas pela sua inteligência e charme.
A questão aqui é: Será que o Presidente Obama enganou toda a gente, incluindo a mim mesmo, levando-nos a acreditar nele? Ou será que, antes de partir para a sua nova mansão em Washington DC, em Janeiro do próximo ano, irá contrabalançar, com coragem, a tal ajuda militar, garantindo aos palestinianos um estado soberano, independente e viável, ao lado do Estado de Israel? Se a realidade for este último caso, então tanto as suas lindas filhas adolescentes bem como todos os adolescentes palestinianos terão orgulho nele, quando entrar na História como um “patrocinador da paz”.
Embaixador da Palestina