Exército anuncia reconquista de quartel-general do Boko Haram
Ofensiva das últimas semanas tem reduzido a influência do grupo jihadista, que jurou fidelidade ao autoproclamado Estado Islâmico no início do mês.
"Vários terroristas morreram e muitos foram capturados", anunciou o Exército no Twitter.
A ofensiva das últimas semanas contra o Boko Haram reduziu o controlo deste grupo terrorista a apenas três cidades no Nordeste do país, de acordo com as autoridades de Abuja, que têm o apoio de uma força regional constituída por soldados dos Camarões, do Chade e do Níger. Com a reconquista de Gwoza, o Boko Haram estará agora confinado a apenas duas cidades.
Gwoza fica perto da fronteira com os Camarões e a cerca de 130 quilómetros a Sudeste de Maiduguri, a capital da província de Borno – e a zona de maior implantação do Boko Haram.
O grupo islamista declarou a criação de um califado em Agosto do ano passado, cinco anos depois de ter lançado a sua sangrenta ofensiva no Nordeste, que provocou cerca de 13.000 mortos – os ataques do Boko Haram terão provocado cerca de 1000 mortos desde Janeiro, de acordo com a Amnistia Internacional.
Na primeira semana deste mês, o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, jurou fidelidade ao autoproclamado Estado Islâmico. Mas a ofensiva conjunta da Nigéria, dos Camarões, do Chade e do Niger tem debilitado a influência do grupo – no entanto, muitos analistas receiam que esta ofensiva seja frágil e motivada pelas eleições de sábado, admitindo-se que o Boko Haram possa regressar em força num futuro póximo.
O jornal Financial Times noticiou nesta sexta-feira que um dos principais responsáveis pelo sucesso da forte ofensiva contra os militantes do Boko Haram é um grupo de mercenários que esteve muito activo em várias guerras no continente africano durante a década de 1990, após fim do apartheid na África do Sul.<_o3a_p>
"Cerca de 300 antigos soldados das Forças de Defesa da África do Sul, todos com uma idade um pouco avançada, e muitos deles pertencentes ao grupo mercenário Executive Outcomes, apoiaram a tentativa das forças do Governo nigeriano para reconquistar território capturado pelo grupo terrorista, à medida que se aproximavam as eleições deste sábado", escreve o jornal britânico.<_o3a_p>
Com o fim do regime racista da África do Sul, vários soldados de elite das forças do país formaram grupos de mercenários e venderam os seus serviços a empresas e governos do continente. Um dos cenários em que estiveram envolvidos foi a guerra civil em Angola, onde lutaram ao lado do Governo do MPLA contra a UNITA, que se recusou a aceitar o resultado das eleições de 1992.<_o3a_p>
O grupo foi oficialmente dissolvido por uma lei sul-africana aprovada em 1998, que tinha como objectivo regulamentar a actividade das chamadas "empresas militares privadas".<_o3a_p>
Mas alguns dos seus antigos elementos terão aparecido agora no Nordeste da Nigéria, para lutarem contra o Boko Haram. "É o mesmo grupo de pessoas que esteve na Serra Leoa e em Angola. Não são tão rápidos como antigamente, mas são bem treinados e eficazes a usar armas", cita a fonte do Financial Times, cujo nome não é identificado mas que é referido como "um funcionário do sector da segurança privada".<_o3a_p>
De acordo com o jornal britânico, os mercenários dos Executive Outcomes recebem 10.000 dólares (9100 euros) por mês, o que rondará um terço do que é pago a antigos soldados britânicos para combaterem no Médio Oriente.<_o3a_p>
Este envolvimento na luta contra o Boko Haram é visto como uma oportunidade para que os mercenários sul-africanos possam "redimir-se" dos tempos do apartheid. "As coisas que o Boko Haram fez nos últimos quatro ou cinco anos são pavorosas. Por uma vez na vida estes tipos estão a lutar contra o inimigo certo. Estão no lado certo", disse ao jornal britânico um outro segurança privado não identificado.<_o3a_p>