Netanyahu surpreende e convida extrema-direita para o Governo israelita

O polémico ultranacionalista Avigdor Lieberman vai tornar-se ministro da Defesa de Israel.

Foto
O primeiro-ministro preferiu não se aliar ao centro-esquerda e pacificar as críticas internacionais. Reuters/Baz Ratner

O primeiro-ministro israelita aceitou as condições exigidas pelo polémico líder de extrema-direita, Avigdor Lieberman, para entrar na sua coligação de Governo e prepara-se para o nomear ministro da Defesa já este fim-de-semana, alargando a sua frágil maioria parlamentar e assumindo uma postura mais agressiva em matérias de segurança e no confronto israelo-palestiniano.

A decisão de Benjamin Netanyahu foi surpreendente. O primeiro-ministro israelita parecia muito próximo de uma aliança com o partido de centro-esquerda União Sionista, comandado por Isaac Herzog, que daria uma cara mais moderada ao Governo e poderia acalmar as críticas da comunidade internacional, que procura melhorar as relações entre o Executivo israelita e a Autoridade Palestiniana.

Em vez disso, Netanyahu mudou a agulha para o lado oposto. Ao final da tarde de quarta-feira, Avigdor Lieberman convocou uma conferência de imprensa dizendo que estava disposto a chegar a acordo como Governo — que tem apenas mais um deputado acima do limiar da maioria e quer mais estabilidade. O gabinete do primeiro-ministro confirmou mais tarde que o acordo seria anunciado nos próximos dias.

Lieberman comanda o partido ultranacionalista Yisrael Beiteinu — seis deputados — e já desempenhou o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros num governo de Netanyahu. Celebrizou-se como uma figura polémica e altamente divisora: apelou ao bombardeamento da barragem de Assuão, no Egipto; pediu a pena de morte para actos de terrorismo, criticou várias vezes a comunidade árabe-israelita e propôs transferi-la para os territórios palestinianos.

Isaac Herzog suspendeu as negociações com o Governo e disse que o Executivo "está no limiar da loucura". A confirmarem-se as intenções de Netanyahu, Lieberman, que não tem qualquer experiência em matérias de Defesa, substituirá o ex-general Moshe Yaalon. “Não se devem fazer este tipo de apostas”, disse o antigo ministro da Defesa israelita Moshe Arens a uma rádio do Exército, citado pela Reuters. 

 

 

Sugerir correcção
Ler 3 comentários