Marcelo usado em vídeo do Estado Islâmico
A imagem do Presidente da República a condecorar o rei de Marrocos está a ser utilizada pelo grupo terrorista como exemplo de uma "traição", junto a um "infiel".
Uma fotografia do Presidente da República está a ser utilizada num vídeo de propaganda do autoproclamado Estado Islâmico. A imagem, que assinala a visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Marrocos em Junho deste ano, mostra o Presidente da República ao lado do rei de Marrocos, Mohammed VI, no momento em que o condecora com a Ordem de Santiago.
No vídeo de propaganda extremista, o Presidente português é apelidado de “infiel”, enquanto o rei de Marrocos é chamado de “muçulmano sem vergonha”. O caso ficou conhecido na segunda-feira, durante um seminário sobre Estratégias de comunicação em contexto de terrorismo, cujo painel contou com a presença de altos dirigentes das secretas portuguesas e estrangeiras. A denúncia foi feita pelo comentador político Nuno Rogeiro e é citada pelo Diário de Notícias. O jornal contactou o gabinete da presidência que se limitou a confirmar ter conhecimento do “caso” e garantiu que “as autoridades competentes tomaram conta do assunto”, sem querer acrescentar outros comentários.
O vídeo de propaganda começa por tentar mostrar uma juventude do EI “bem formada, bem preparada em escolas e mesquitas, e tem uma moral superior aos jovens de países árabes e islâmicos ‘corruptos’". As imagens avançam depois “contra os dirigentes 'pseudo-islâmicos' que se vergam ao Ocidente e são seus serventes”, explica Nuno Rogeiro. Nesse momento surge a imagem do chefe de Estado português, com uma voz off que diz que “os líderes ditos muçulmanos não têm vergonha de mostrar prémios e condecorações dados por infiéis, como mostra a imagem”. “O verdadeiro Islão não esquecerá estes actos”, conclui a mensagem.
O DN escreve que a situação foi avaliada pelos serviços de informações, a quem compete a análise da ameaça sobre as altas individualidades, e foi concluído que o "alvo" dos terroristas não era o Presidente português, mas sim o rei de Marrocos.
De acordo com Nuno Rogeiro, só os movimentos terroristas jihadistas produzem, por dia, cerca de 90 mil mensagens de propaganda, divulgadas através das redes sociais e sites.
Para combater esta tendência, a Google já anunciou que irá apostar num programa que – através de algoritmos – redirecciona os utilizadores que procurem por palavras-chave que reflectem interesse pelo Estado Islâmico para conteúdos que contrariem o interesse pelo grupo extremista, com depoimentos de ex-combatentes, por exemplo.