Mais de uma centena de mortos em confrontos nos Camarões

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Uma organização de defesa dos direitos humanos acusa as forças de segurança de terem aberto fogo contra os manifestantes Patrick de Noirmont/Reuters

À falta de estatísticas oficiais, relatos recolhidos por um correspondente da AFP permitem confirmar a existência de pelo menos 17 mortos na violência que estalou à margem das manifestações contra o aumento do custo de vida e um projecto de reforma constitucional proposto pelo Governo.

No entanto, Madeleine Afité, responsável da organização não-governamental Casa dos Direitos Humanos, diz que “é possível falar em mais de cem mortos”. “As informações crescem a cada dia e continuamos a compilar informação”, acrescentou.

A activista admite, no entanto, que será muito difícil chegar a um “balanço preciso” devido às “operações de intimidação promovidas pelo poder”.

A ONG denuncia

Entre os abusos cometidos, a ONG denuncia o caso ocorrido em Douala, principal pólo económico do Sul do país, onde “um grupo de manifestantes que foi encurralado numa ponte pelas forças da ordem, colocadas em cada extremidade”. Para fugir à polícia “muitos atiraram-se à água”. “Já foram recuperados 18 corpos, mas os pescadores da zona foram avisados para não se envolverem”.

Em várias cidades, a polícia abriu fogo contra civis, a fim de dispersar os protestos que invadiram as ruas. “Em Njombé [Norte de Douala] sabemos que as forças da ordem dispararam contra os empregados de um exploração de bananas que tinham sequestrado os patrões”, contou a activista, dando conta de “muitos mortos” neste incidente.

Madeleine Afite admitiu também estar preocupada com a sua própria segurança, depois do seu carro ter sido roubado durante a noite passado. “Fizeram-me saber que eu era um alvo a partir do momento em que comecei a falar do número de vítimas”, contou.

A repressão policial surgiu em resposta a protestos em várias cidades dos Camarões, pequeno país na costa ocidental de África e um dos mais estáveis da região, contra o aumento de custo de vida e contra um projecto de revisão constitucional para permitir ao actual Presidente, Paul Biya, no poder desde 1982, a um novo mandato nas eleições de 2011.

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