Iraque adverte Turquia para afastar tropas do seu território
Governo de Erdogan diz ter o direito de participar na batalha de Mossul e começou a movimentar tanques. Se as tropas de Ancara entrarem, diz Bagdad, será considerado uma invasão.
O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, advertiu a Turquia para não provocar um confronto, depois de o Governo de Ancara ter deslocado tanques e artilharia para junto da fronteira.
Na terça-feira, a Turquia insistiu que desempenhará um papel de relevo na batalha para recuperar Mossul aos jihadistas do Daesh – o Presidente, Recep Erdogan, tinha dito, na altura do início da ofensiva, que estava "fora de questão" a Turquia não participar. Bagdad, por seu lado, rejeitou novamente essa participação e pediu aos turcos para fazerem recurar as tropas e armamento que estão a concentrar na sua fronteira próxima e mais perto do teatro de operações em Mossul (no Norte do país).
"Uma invasão do Iraque conduzirá ao fim da Turquia", disse Abadi na terça-feira à noite na televisão iraquiana. "Não queremos a guerra com a Turquia, não queremos uma confrontação", insistiu. "Mas se esse confronto acontecer, estamos prontos. Se for o caso, consideraremos a Turquia um inimigo e agiremos em conformidade."
As fontes militares turcas tinham anunciado que tanques – 30, segundo a AFP – e artilharia tinham sido estacionados na fronteira sudeste, junto ao Iraque. O ministro turco da Defesa, Fikri Isik, disse que esta manobra faz parte da preparação da Turquia "para importantes desenvolvimentos na região", o que foi lido como uma menção à guerra ao Daesh em Mossul, mas não só – também a uma operação para evitar a expansão curda no Norte do Iraque. "A Turquia está a preparar-se para o que vier a acontecer e isto é mais um passo nesse sentido", disse o ministro, citado pela Andalou, a agência turca.
As declarações de um lado e de outro constituem a maior escalada na tensão entre Ancara e Bagdad devido ao Curdistão iraquiano; a retórica tem vindo a subir sobretudo do lado de Ancara.
"Os turcos argumentam que já estão muitos países dentro do Iraque", disse o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, num encontro com os jornalistas. "Mas estes países foram chamados por nós, enviaram o seu pessoal militar e conselheiros para treinarem as nossas forças", disse. Acrescentou que, apesar de haver uma aliança anti-Daesh, é o exército iraquiano que lidera o processo.