Farage diz que é desta que vai deixar liderança do UKIP

Líder populista dá por cumprida a sua missão na política, afirmando que sem a intervenção do seu partido a saída não teria vencido o referendo.

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“Durante o referendo disse que queria o meu partido de volta, agora quero a minha vida de volta” Neil Hall/Reuters

Nigel Farage, o líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), anunciou nesta segunda-feira a sua demissão, dando por cumprida a velha ambição de conseguir a saída do país da União Europeia. Uma decisão que garante será para manter, ao contrário de todas as vezes no passado em que anunciou o seu afastamento.

“Durante o referendo disse que queria o meu partido de volta, agora quero a minha vida de volta”, disse Farage, acrescentando, no entanto, que vai manter o cargo de eurodeputado para o qual foi eleito em 2014 e prometendo que, quando houver novas legislativas, fará campanha ao lado do novo líder.

O líder populista foi um dos protagonistas da campanha pela saída da União Europeia, ainda que num grupo autónomo da campanha oficial liderada pelos conservadores Michael Gove e Boris Johnson. Centrou os seus argumentos na necessidade de travar a imigração europeia para o país, causa que acabou por ser abraçada pelos restantes eurocépticos, inicialmente reticentes em ser conotados com o populismo de Farage. E para a história da campanha ficará o cartaz com a fotografia de milhares de refugiados a caminho da Alemanha, com a inscrição “Ponto de Ruptura” – uma mensagem subliminar contra a imigração que gerou forte repúdio.

O líder populista garante que não se arrepende de nada: “Se não fosse a disponibilidade do UKIP para falar de assuntos que as pessoas nas festas de Notting Hill acham arriscados, então a campanha pela saída não teria atraído o apoio que atraiu”.

Farage, que já no passado abandonou a liderança do UKIP para regressar menos de um ano depois, anunciou a sua demissão em Maio de 2015, depois de não ter conseguido ser eleito deputado, mas acabou por recuar pouco depois. Assegura que não o fará desta vez, mas quando questionado sobre se poderá concorrer ao Parlamento nas próximas legislativas disse apenas que isso “não está no topo” das suas prioridades. Disse ainda que não recusará um convite para fazer parte da equipa que negociará a saída britânica da UE

Sobre o futuro, disse que não vai apoiar nenhum candidato à sua sucessão – o único deputado do UKIP em Westminster, Douglas Carswell, é uma das poucas figuras que fazem sombra a Farage, mas os dois não escondem a sua inimizade. Acredita, no entanto, que o partido está em “boas condições” para atrair mais votos nas próximas legislativas e deve assumir como principal tarefa garantir que “não haverá fraqueza ou apaziguamento” das negociações com a UE. Uma saída que acredita poderá estar concluída antes do final do seu mandato em Bruxelas, em 2018: “Os eurodeputados do UKIP serão então como os perus que votaram a favor do Natal”.

 

 

 

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