Estado Islâmico deixou Palmira cheia de explosivos
Exército sírio entrou em Al-Qaryataïn, uma cidade dominada pelo Estado Islâmico. Na cidade património da humanidade foi encontrada uma rede de minas e uma vala comum.
Uma semana após a reconquista da cidade de Palmira, na Síria, com o apoio da aviação russa, o exército de Bashar al-Assad tem de neutralizar explosivos por toda a cidade. Segundo um responsável sírio, o Estado Islâmico (EI) deixou na rua principal e nas ruas secundárias da cidade uma rede interligada de minas.
“Todos os edifícios do Governo estão armadilhados com uma rede que se ligava à sede do Daesh”, disse à Reuters o responsável, que usou um acrónimo árabe para o Estado Islâmico. “A ideia era: à medida que o exército sírio entrava na cidade, todos os explosivos rebentavam de uma só vez, e não bomba a bomba. E há um número mesmo grande de bombas.”
Mais de 3000 explosivos já foram detonados em segurança, alguns com mais de 50 quilos. Mas o exército sírio está à espera da chegada à cidade património da humanidade de um grupo de especialistas em desminagem russos.
Não há informações sobre porque é que o Estado Islâmico não conseguiu rebentou os explosivos antes de deixar a Palmira - mas noutras cidades importante que foi obrigado a abandonar, deixou igualmente uma rede de minas e explosivos. Mas as bombas terão de ser todas desactivadas antes de a população regressar à importante cidade histórica com 2000 anos. “Não podemos deixá-las lá. Estamos a lidar com 90% delas explodindo-as porque estão enterradas no chão, com asfalto por cima”, disse o responsável.
O avanço em território até agora controlado pelo EI continua. Neste domingo, o exército sírio, com ajuda de forças aliadas e apoio aéreo russo, em Al-Qaryatain, uma cidade a 100 quilómetros a oeste de Palmira, controlada pelo Estado Islâmico (EI), avança a agência Reuters.
A cidade estava sob o poder do EI desde Agosto. O exército entrou por vários sítios da cidade e há várias forças sírias nas montanhas em redor da cidade. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), a luta entre o exército e as forças do Estado Islâmico continuam.
“Na prática, pode-se dizer que a cidade já caiu, porque o regime [sírio] controla as montanhas à volta”, disse à Reuters Rami Abdurrahman, director do observatório. Segundo a organização, que tem feito a monitorização do conflito na Síria desde que o início, há cinco anos, houve 40 ataques aéreos feitos por aviões russos e sírios à volta da cidade.
Mulheres e crianças em vala comum
Em Palmira, no entanto, continuam a fazer-se descobertas macabras. Na área residencial de cidade, as lojas estão fechadas e vêem-se poucas pessoas nas ruas. Muitas das pedras antigas da cidade foram riscadas durante os dez meses em que o EI controlou a cidade. “Permanecendo”, lê-se numa das pedras, parte do lema do EI que diz “permanecendo e expandindo”.
Na sexta-feira, a agência de notícias da Síria disse que o exército tinha encontrado uma vala comum com mulheres e crianças e alguns corpos decapitados. No sábado, a Reuters confirmou com uma fonte militar a identificação de 45 corpos numa vala comum no extremo Nordeste de Palmira. O OSDH disse que o EI matou pelo menos 400 pessoas, nos primeiros dias após ter a cidade sob controlo, e enterrou-as nos arredores.