"Brexit" representa um "risco grave" para a economia mundial, avisa G7

Saída britânica da UE na lista de acontecimentos com potencial desestabilizador internacional.

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Cameron obteve mais um apoio internacional à campanha pela permanência na UE Carlos Barria/Reuters

Os líderes dos sete países mais industrializados (G7) afirmam que a saída do Reino Unido da União Europeia implicaria um “risco grave” para a economia mundial, colocando a eventual ruptura entre Londres e Bruxelas na lista de acontecimentos com potencial de desestabilização a nível global.

O referendo de 23 de Junho não constava da agenda do encontro, no Japão, e a chanceler alemã, Angela Merkel, assegurou mesmo que o tema não foi debatido pelos sete chefes de Estado, mas sublinhou que “há consenso” entre as maiores economias sobre a importância da presença britânica na UE.

“A saída do Reino Unido da União Europeia reverteria a tendência para uma melhoria do comércio e do investimento a nível global, para os empregos daí criados e representaria um risco grave para o crescimento”, lê-se no único parágrafo das 32 páginas da declaração final da reunião em Ise-Shima, centrada nas preocupações com a economia e as tensões territoriais na Ásia. O “Brexit” – abreviação de Britain exit – é listado na declaração como um dos acontecimentos “de origem não económica” capazes de desestabilizar a economia mundial, a par dos conflitos geopolíticos, do terrorismo ou da crise de refugiados.

“Não nos cabe dizer ao povo britânico o que deve fazer”, afirmou o Presidente francês, François Hollande, na conferência de imprensa final. Mas “economicamente [a saída] seria uma má notícia, para o Reino Unido e para o mundo, não apenas para a Europa”, afirmou. Explicou que a ruptura “desencadearia transferências de capitais, bem como a recolocação de algumas actividades, o que não seria benéfico nem para o Reino Unido nem para a Europa”.

O alerta do G7 segue-se a um punhado de relatórios e avisos das principais instituições económicas internacionais para as consequências de uma vitória do não à permanência na UE – o Fundo Monetário Internacional afirma que a saída não terá qualquer efeito positivo na economia do britânica, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento na Europa alertou os eleitores que no final da década poderão estar a perder o equivalente a um salário por ano.

Estas posições reforçam os sucessivos avisos feitos pelo Governo britânico, que tem centrado a sua campanha nos temas económicos. Os partidários da saída repudiam o que consideram ser as ingerências nos assuntos internos britânicos e afirmam que o statu quo é do interesse das grandes instituições e não dos cidadãos comuns.

A três semanas do referendo, continua incerto o seu desfecho , com as sondagens por telefone a indicarem uma confortável vantagem das intenções de voto na permanência, ao passo que os estudos online colocam os dois campos muito próximos.

Em termos globais, a posição que saiu da cimeira do G7 não é de optimismo. Entre riscos geopolíticos e problemas comerciais, os líderes vêem hoje mais problemas a ensombrar a economia mundial do que há um ano, quando se encontraram na Alemanha. “A recuperação global continua, mas o crescimento permanece moderado e desigual, e desde a última vez que nos reunimos os riscos adversos para as perspectivas globais aumentaram”, refere o comunicado.  O documento dá conta de um desempenho decepcionante do comércio mundial e afirma que “a escalada dos conflitos geopolíticos, do terrorismo e do fluxo de refugiados são factores que complicam o contexto económico global”.

 

 

 

 

 

 

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