Autoridades turcas detêm 20 suspeitos de terrorismo
Fonte governamental confirma que autores do ataque ao aeroporto de Istambul tinham cidadania russa, usbeque e quirguiz.
A polícia turca deteve pelo menos 20 pessoas, sob suspeita de estarem ligadas a organizações terroristas, na sequência do atentado de terça-feira no aeroporto de Istambul. As autoridades também confirmaram as nacionalidades dos três responsáveis pelo ataque que matou 43 pessoas e deixou mais de 200 feridos.
Foram conduzidas operações policiais esta quinta-feira que abrangeram 16 locais nos bairros de Pendik e Sultanbeyli, na zona asiática de Istambul, e em Basaksehir, na parte europeia. Foram detidas 13 pessoas, das quais três estrangeiros, segundo o site do jornal Daily Sabah.
Rusgas na cidade de Esmirna, na costa do mar Egeu, levaram à detenção de nove suspeitos de terem financiado, recrutado e dado apoio logístico ao autoproclamado Estado Islâmico — que as autoridades turcas acreditam estar por trás do ataque ao aeroporto.
Na terça-feira à noite, os três homens chegaram ao aeroporto internacional de Istambul e começaram por abrir fogo sobre as pessoas que se encontravam nos terminais de partidas e no das chegadas. Poucos minutos depois, fizeram-se explodir, acabando por matar 43 pessoas e fazer 239 feridos.
Os últimos dois dias têm sido de luto nacional, mas também de um aumento das medidas de segurança. No último ano, a Turquia tem sido um alvo frequente de atentados terroristas nas suas maiores cidades — só Istambul, grande ponto turístico do país, sofreu cinco ataques desde Janeiro.
O clima de insegurança vivido na Turquia tem levado o Governo a recusar a aplicação de medidas antiterroristas em linha com as preocupações da União Europeia. Bruxelas considera que as actuais leis põem em causa a liberdade de expressão e são sobretudo direccionadas para silenciar os críticos do Presidente, Recep Tayyip Erdogan. É por isso que exige que Ancara as modifique, no quadro do processo de adesão turco à UE que se arrasta há mais de uma década.
O ataque desta terça-feira veio dar mais força à posição turca. "Novas exigências em relação à Turquia iriam encorajar os terroristas. Não podemos fazer quaisquer mudanças às nossas leis antiterrorismo", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mevlut Cavusoglu.
A imprensa turca está também a noticiar que, no sábado, as forças de segurança abateram dois indivíduos suspeitos de terem ligações ao grupo terrorista, perto da fronteira com a Síria. Um dos homens figurava em relatórios dos serviços secretos como estando a preparar ataques na capital Ancara e na província de Adana, no sul.
Segundo um responsável do Governo turco, citado pela Reuters, os três atacantes eram provenientes da Rússia (região autónoma do Daguestão), Usbequistão e Quirguistão. Não foram dados pormenores adicionais, uma vez que os investigadores ainda se encontram a tentar identificar os restos mortais dos terroristas.
O atentado não foi reivindicado, mas os métodos escolhidos pelos atacantes — disparos indiscriminados e explosões suicidas — sugerem que terá sido um ataque organizado, ou pelo menos inspirado, pelo Estado Islâmico. A nacionalidade dos autores vem dar ainda mais força a essa suspeita.
O ataque terá sido orquestrado com a ajuda da liderança do Estado Islâmico, disse à CNN uma fonte do Governo turco. Os três atiradores terão viajado directamente de Raqqa, a "capital" iraquiana dos territórios controlados pelo grupo, para a Turquia há cerca de um mês e arrendaram um apartamento num bairro de Istambul e onde um dos atacantes terá deixado o passaporte, diz a mesma fonte.
Não é novidade que o Estado Islâmico tem conseguido impor a sua presença nas repúblicas caucasianas russas. Há cerca de um ano, o grupo declarou uma província na região, como parte da sua estratégia de expansão global.
Numa região pobre e destruída por duas guerras nos últimos 20 anos, as perspectivas de futuro para os jovens são poucas e a atracção exercida pelo Estado Islâmico tem sido elevada. Os serviços de segurança russos calculam que cerca de duas mil pessoas da Tchetchénia e do Daguestão tenham viajado para a Síria e para o Iraque para lutarem pelo “califado” proclamado pelo grupo no Verão de 2014.