O histórico líder da revolução cubana, Fidel Castro, agradeceu este sábado os tributos e votos de parabéns que lhe chegaram de todo o país pelo seu 90.º aniversário, escrevendo numa mensagem no site Cuba Debate, ligado ao regime, que tencionava retribuir o carinho popular da melhor maneira que pode, transmitindo “novas ideias” aos militantes do Partido Comunista e aos organismos do Governo.

Para provar que as novas ideias não significam novas convicções, Fidel elogiou os aliados Rússia e China, “grandes potências e povos de grande valor e inteligência” e voltou a atacar o inimigo histórico, os Estados Unidos, que alegadamente terão tentado assassiná-lo mais de 600 vezes. A crítica de Fidel foi directa para o Presidente Barack Obama que, na sua opinião, não esteve à altura durante a sua visita a Hiroxima, no Japão, ao revelar-se incapaz de pedir desculpa pela bomba atómica. “Faltaram-lhe palavras para pedir perdão pela matança de centenas de milhares de pessoas”, censurou.

Na sua última coluna para o site, em Abril, Castro não escondeu o seu cepticismo quanto às mudanças económicas em curso na ilha. Desta vez, numa espécie de carta aberta (intitulada O aniversário), traçou um pouco da sua biografia, realçou a importância da educação, cuja “falta é o maior dano que se pode fazer a uma criança”, e deteve-se sobre o que considera ser o “maior risco que a espécie humana enfrenta na sua História”: a destruição do planeta. “Os cientistas mais brilhantes são os únicos que podem responder a esta questão, e muitas outras de grande transcendência”, considerou.

O aniversário de Fidel Castro coincidiu com o arranque do Carnaval em Havana que toma conta do Malecón, a marginal da cidade: os 90 anos de El Comandante foram uma gigantesca festa de rua. Mas além da música e dança, houve outras iniciativas em tributo ao líder revolucionário que se afastou em 2008, cedendo o poder ao seu irmão mais novo, Raúl. Milhares de pessoas admiraram uma exposição de fotografias sobre a vida de Fidel, espreitaram o megacharuto de 90 metros de comprimento enrolado em sua honra e responderam a um apelo para doar sangue. “O melhor presente que lhe poderíamos dar era uma grande festa”, dizia ao The Guardian a bailarina Leydis Campos, participante nas comemorações.