Polícia procura provas de alegado financiamento ilegal de Sarkozy

Foto
A polícia à porta do escritório do gestor financeiro da herdeira da L"Oréal FRANCOIS GUILLOT/AFP

Ex-contabilista de herdeira da L"Oréal mantém que levantou dinheiro para financiar campanha do Presidente. Gestor financeiro nega acusação

A polícia francesa fez ontem buscas na casa e no escritório do gestor financeiro da herdeira do grupo L"Oréal, no âmbito da sua investigação às suspeitas de financiamento ilegal da campanha eleitoral que levou Nicolas Sarkozy à Presidência, em 2007.

As buscas ocorreram depois de, na véspera, os investigadores terem colocado frente a frente o gestor, Patrice de Maistre, e Claire Thibout, ex-contabilista da herdeira da L"Oréal, que o acusa de lhe ter ordenado o levantamento de 150 mil euros para entregar a Eric Woerth, tesoureiro da campanha de Sarkozy e actual ministro do Trabalho.

Thibout, que trabalhou para Liliane Bettencourt até Novembro de 2008, manteve, segundo o diário Le Monde, a versão de que Maistre lhe pediu dinheiro que seria entregue a Woerth para financiar a campanha de Sarkozy. "Confirmo que o Sr. Maistre me chamou ao seu escritório [...] para me pedir 150 mil euros [...] Recusei por saber que se tratava de financiar uma campanha eleitoral", citou o jornal, que teve acesso às declarações. A contabilista confirmou informações anteriores de ter entregue apenas 50 mil euros, a que o gestor teria somado dinheiro de contas secretas na Suíça.

Também segundo o relato do Monde, Maistre negou as alegações: "A Sra. Thibout mente e não percebo porquê. Se tivesse essa intenção não lho teria dito". E insistiu: "Nunca entreguei, e nunca tive a intenção de entregar, dinheiro ao Sr. Woerth".

Chantal Trovel, ex-secretária particular de André Bettencourt, marido da herdeira da L"Oréal, que morreu em Novembro de 2007, "confirmou" entretanto, segundo o seu advogado, as afirmações de Thibout sobre a entrega de dinheiro a políticos. A confirmação foi, segundo a revista Nouvel Observateur, feita à polícia na quinta-feira.

O caso L"Oréal, que começou com uma querela entre Liliane Bettencourt e a filha, sobre doações da primeira a um fotógrafo, evoluiu nas últimas semanas para assunto político, devido às suspeitas de que Woerth, ministro do Orçamento entre 2007 e Março deste ano, estivesse ao corrente de alegadas fraudes fiscais da milionária. As revelações mais recentes apontam para financiamento ilegal de políticos, designadamente de Sarko.

A edição da Marianne que hoje é publicada indica que nos quatro meses que antecederam a eleição de Sarkozy foram levantados das contas do casal milionário mais de 388 mil euros em dinheiro sem destino conhecido. Mas, segundo a documentação da ex-contabilista, consultada pela revista, 183.500 euros têm a menção "Senhor" ou "Senhor Bettencourt", que, segundo Claire Thibout, indicava verbas para financiamento político.

Sugerir correcção