Atentado provoca 39 mortos no metro de Moscovo
Pelo menos 39 pessoas morreram e mais de uma centena ficaram feridas devido ao rebentamento de um explosivo de grande potência numa das carruagens do Metropolitano de Moscovo. O Presidente Vladimir Putin atribuiu imediatamente a responsabilidade aos rebeçdes tchetchenos. "Não precisamos de nenhuma confirmação. Temos a certeza de que [o dirigente tchetcheno Aslan] Maskhadov e os seus bandidos estão ligados a este acto terrorista", disse. A explosão ocorreu às 08h32 (5h32 GMT) na segunda carruagem de um comboio que se encontrava num túnel a cerca de 300 metros da estação Paveletskaia e quando se dirigia para a Avtozabodskaia. "Foi tão potente que foi sentida em praticamente todas as oito carruagens do comboio. A onda explosiva partiu os vidros de todas as janelas, o que foi uma das causas do grande número de vítimas", declarou aos jornalistas Ilia Plokhin, médico que seguia no comboio atingido.Outra testemunha, Alexandre, em cujo rosto se viam ferimentos ligeiros, declarou que a explosão não provocou pânico entre os passageiros: "Depois da explosão e da paragem do comboio, eu saltei da carruagem para a via férrea e, juntamente com outras pessoas, avançámos pelo túnel até à estação"."A segunda carruagem desempenhou o papel de escudo, pois a onda explosiva foi travada pela multidão que aí se encontrava. Se o atentado terrorista não tivesse sido na hora de ponta, o número de vítimas poderia ser maior, pois as outras carruagens seriam mais atingidas", acrescenta Mikhail, que também testemunhou a tragédia no metropolitano.A Procuradoria Geral (Ministério Público) da Rússia deu início a investigações criminais, dando prioridade à versão de que a explosão no metro foi um "atentado terrorista". O Presidente Putin lançou um apelo à união de esforços com vista a combater o terrorismo, que caracterizou como "peste do séc. XXI", e, numa referência à guerrilha independentista tchetchena, declarou: "Se unirmos as nossas forças num duplo plano, no Cáucaso e na arena internacional, não tenho nenhuma dúvida de que poderemos cooperar com êxito na luta contra o terrorismo".Aslan Maskhadov, comandante da guerrilha e dirigente da Tchetchénia-Itchkéria não reconhecido por Moscovo, desmente Putin num comunicado publicado na Internet: "O Presidente e Governo da Itchekéria declaram nada ter a ver com essa provocação sangrenta e condenam-na decididamente". Porém, tendo em conta a história do conflito entre russos e tchetchenos, o atentado pode ter sido realizado a mando do comandante radical tchetcheno Chamil Bassaev.Entre as autoridades não existe unanimidade quanto à forma como foi realizado o acto terrorista. Valeri Chantsev, vice-presidente da Câmara de Moscovo, excluiu a possibilidade de a explosão ter sido obra de um suicida: " Não foram encontrados restos de algum cinto de suicidas, nem pregos e esferas metálicas, que eles costumam juntar ao trotil para fazer maiores estragos".Fontes policiais russas afirmam que a bomba que explodiu no metropolitano (com uma potência equivalente a 5 quilos de trotil) se encontrava num mala transportada na segunda carruagem. A rádio Eco de Moscovo cita as palavras de um funcionário que trabalha na estação Paveletskaia, de onde partiu o comboio atingido pelo explosivo: "Pouco antes do atentado, um homem de 30-35 anos, com aspecto de caucasiano, aproximou-se de mim e disse: "Esperem mais um pouco, pois vão ter festa".O acto terrorista no metropolitano de Moscovo voltou a trazer a guerra da Tchetchénia para a vida política russa. O Grupo Moscovo-Helsínquia, a mais antiga organização de defesa dos direitos humanos, considera que o fim do terrorismo só ocorrerá se forem "iniciadas conversações com todas as forças sociais interessadas na regularização da situação na Tchetchénia", sublinhando que a Rússia não realiza nessa república "uma operação antiterrorista", como afirma o Kremlin, mas "uma autêntica guerra".Vladimir Putin foi rápido a responder: "Não excluo que semelhantes acções sejam utilizadas na discussão política durante a campanha eleitoral, bem como para pressionar o actual Presidente". Mas acrescentou: "Não precisamos de provas indirectas. Sabemos com certeza que Maskhadov e os seus bandidos estão ligados a este terror. A Rússia não entra em conversações com terroristas, mas destrói-os".Alguns políticos vão mais longe do que Putin nas medidas a tomar para travar os ataques terroristas. "Este acto é feito nas vésperas das presidenciais e a reacção deve ser a mais dura", defende Dmitri Rogozin, dirigente do bloco nacionalista Pátria, e propõe "o restabelecimento da pena de morte e a imposição do estado de emergência".Se a última medida for avante, as eleições presidenciais não se poderão realizar a 14 de Maio, pois a lei não permite a realização de actos eleitorais enquanto vigorar o estado de emergência. Mas o Kremlin não deverá enveredar por este cenário. "As eleições apenas reforçarão as posições do Presidente e legitimarão as suas acções", considera Viatcheslav Volodin, dirigente da Rússia Unida, partido ligado a Vladimir Putin.