Novo concurso da SIC cria banda de música
Nos Estados Unidos dizem tratar-se de uma espécie de mescla entre "a busca de estrelas da música" e o concurso de beleza Miss América. Não é de estranhar, já que o objectivo é o de criar uma banda de música apelativa tanto para os olhos como para os ouvidos, e tudo através de um concurso de televisão chamado Popstars. Essa é a mais recente aposta da SIC que, já a partir de 11 de Março, começará a mostrar como é que uma televisão consegue construir uma banda musical de sucesso.Popstars é um concurso originário da Austrália, onde no ano passado a estação televisiva Seven construiu a banda feminina Bardot, cujo álbum homónimo de estreia conquistou de forma fulminante o "top" australiano de vendas de discos. À semelhança do que aí se passou, assim como em outros países, o Popstars português irá narrar passo a passo todas as aventuras e desventuras pelas quais vão passar as candidatas a aspirantes a cantoras: das audições às eliminatórias e aos ensaios, das gravações em estúdio aos concertos ao vivo. Todas sabendo que só cinco serão eleitas para formar a banda e alcançar a fama, sob forma de um contrato discográfico e uma campanha de "marketing" que, a exemplo do que se passou com este mesmo formato em televisões estrangeiras, se espera agressivo e capaz de conquistar o "top" de vendas de discos.Maior sucesso ainda do que o australiano - e um sucesso que permanece ainda, depois até de o concurso nem sequer estar já no ar - foi registado no Japão. Aqui, o modelo Popstars foi transmitido em finais de 1999, integrado num popular programa de variedades (o Asayan), como resultado visível de um ano inteiro de provas e selecções, aulas de canto e de dança. As sete jovens vencedoras (das quais a mais nova tem 15 anos), e que formaram então a banda Morning Musume, estão há 18 meses consecutivos no "top" de vendas de discos, inicialmente com os singles e depois com o álbum que, ao fim de um ano, ainda se mantém no Top 10.Mais uma vez sem excepção ao mote dado na Austrália e Japão, também o Reino Unido assistiu ao crescente fenómeno do Popstars, transmitido pela ITV, ao longo de Janeiro passado, com audiências que ultrapassaram as do Big Brother. Os britânicos optaram por uma versão de banda mista, sendo que dos cinco vencedores - apurados de entre quase três mil candidatos iniciais - três são raparigas e dois rapazes. Cada um deles ganhou cem mil libras (perto de 32 mil contos) na assinatura conjunta de um contrato discográfico, cujo primeiro fruto, o single "Pure and Simple", se crê que irá entrar de imediato nos "tops" quando for lançado, no próximo dia 12 de Março.À semelhança de todos esses outros países, também nos Estados Unidos Popstars tomou a televisão de assalto. Com pouquíssimas semanas de transmissão na WB, o concurso é já muito mais do que um programa de televisão, antes uma espécie de parque temático multimédia com um enorme leque de "personagens" que inclui cantores, agentes, produtores, editores de revistas e mais de quatro milhões de telespectadores.O modelo de concurso tipo Popstars não chegou agora aos Estados Unidos como uma novidade. Já antes o público norte-americano vira uma banda a ser construída por uma televisão: no caso a ABC, numa parceria de produção com a MTV, que transmitiu o programa Making the Band (aquilo a que, em português, se poderia chamar Fazer a Banda). Deste concurso saiu uma "boys-band", chamada O-Town, cujos cinco elementos já eram um tremendo fenómeno de popularidade antes mesmo de o seu primeiro álbum ter sido lançado em Janeiro passado - antes até de sequer existir a banda, conforme ela acabou por ser formada pelos cinco vencedores do concurso que a ABC transmitiu semanalmente durante quase seis meses no ano passado.Popstars e concursos com o mesmo formato levantaram, inevitavelmente, uma discussão polémica no meio da indústria discográfica: será que uma banda precisa mesmo de produzir boa música para construir e fidelizar uma audiência? Ou basta pôr as câmaras a filmar todo e cada momento da vida dos aspirantes a cantores, de maneira a captar um público que é convidado a assistir a todo o processo criativo, vendendo depois o CD quase como se se tratasse de uma banda sonora do programa de televisão?Ao assistir-se ao quotidiano dos concorrentes, ensaiando, comendo e tocando juntos - até mesmo quando se encontram nos seus ambientes familiares, como aconteceu em Making the Band -, as audiências descobrem bastante mais sobre aqueles aspirantes a cantores do que poderiam algumas vez descortinar em qualquer uma das muitas notícias dadas pelas revistas para jovens.Analistas como o norte-americano Lou Pearlman (o homem que deu a conhecer ao mundo Britney Spears) defendem que, neste momento, aquilo que as audiências querem, sobretudo os jovens, é ter uma boa visão dos bastidores da música. Ou seja, a ideia de fundo de programas como Popstars é a de dar a conhecer os futuros membros de uma banda musical o tão detalhadamente quanto possível. Nas suas qualidades artísticas, sim, mas também no que toca aos dilemas, ansiedades, alegrias e tristezas porque passam nas suas vidas pessoais. Neste aspecto, o objectivo é fazer com que estes aspirantes a estrelas da música se tornem tão familiares para o público quanto "o rapaz ou a rapariga que mora na porta do lado".