Radares de Lisboa estão a funcionar mas em menos vias

Sistema custou à câmara 2,5 milhões de euros em 2007. Equipamentos estiveram inoperacionais durante pelo menos um ano.

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Em 2015, autoridades contabilizaram mais de 289 mil infracções por excesso de velocidade JOANA BOURGARD/Arquivo

Os equipamentos, que impõem limites de 50 ou 80 quilómetros por hora, estão agora a controlar a circulação nas avenidas da Índia, Brasília, Infante D. Henrique, Marechal António Spínola, da República e das Descobertas, na Radial de Benfica, no Campo Grande, na Segunda Circular e nos túneis do Marquês de Pombal e João XXI.

Em resposta à Lusa, a câmara explicou que cada eixo tem “um ou mais radares instalados”, mas não especificou o número total de radares activos, que inicialmente ascendia a 21.

Em 2007, foram também instalados equipamentos nas avenidas Cidade do Porto, de Ceuta, Estados Unidos da América, Marechal Gomes da Costa e Almirante Gago Coutinho. O sistema custou à câmara 2,5 milhões de euros.

Em Outubro do ano passado, o presidente do município, António Costa, informou que os radares estavam a ser reparados e que estariam a funcionar em Janeiro. Meses antes, em Julho, o vereador do CDS, João Gonçalves Pereira, criticou a inoperacionalidade da rede, lamentando a inacção do município e apelando a que Costa decidisse, de uma vez por todas, se pretendia ou não fazer o investimento necessário para pôr o sistema a funcionar.

Agora, a autarquia esclarece que “a rede de radares está em funcionamento", tendo sido alvo, "em primeiro lugar, de uma avaliação da sua estrutura e objectivos", mas não aponta uma data prevista para a conclusão desta intervenção.

De acordo com o município, foram "implementadas as necessárias reparações em termos de radares (e respectivas aferições por entidade certificada), caixas de suporte, infra-estrutura de comunicação com a central da polícia municipal, assim como dos painéis de sinalização de aviso de presença de controlo de velocidade".

A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) alerta para as constantes avarias na rede. "Os radares, se existem, devem estar a funcionar como qualquer equipamento de segurança ou qualquer equipamento urbano. Se eles estão cá e se custaram dinheiro [com] a sua implementação, então não faz sentido estarem vandalizados, não terem manutenção e não servirem para nada", afirmou à Lusa Luís Escudeiro, formador em condução defensiva da ACA-M.

A Lusa constatou no local que os radares localizados na Segunda Circular junto à Rua Carolina Michaelis e na Radial de Benfica (sentido Sete Rios-IC19) se encontravam, na sexta-feira, vandalizados (com o vidro partido e com tinta), tendo o painel de aviso desligado.

Com o painel inactivo estavam também os radares nas avenidas Almirante Gago Coutinho (sentido aeroporto-Areeiro) e de Ceuta (sentido Campolide-Alcântara). Já o radar da Segunda Circular junto à saída para a rotunda do Relógio aparentava estar em boas condições, com o aviso luminoso activo.

Porém, o comandante da Polícia Municipal, André Gomes, explicou que "um painel pode ter a lâmpada fundida e o radar estar a funcionar na mesma". Em caso de excesso de velocidade, o dono da viatura da matrícula detectada é notificado, garantiu.

Porém, "em caso de dúvida, anula-se" a operação, isto é, quando nas imagens aparece mais do que uma matrícula e não é possível distinguir quem comete a contra-ordenação.

Luís Escudeiro considerou que "muitos condutores terão a experiência de terem passado a uma velocidade excessiva e nunca lhes ter acontecido nada", devido à "falta de capacidade [do sistema] de processar todas as infracções".