Medina admite que câmara não esteve bem no abate de árvores

PSD diz que executivo de Medina “padece de legitimidade flutuante”. Manuel Salgado explicou que, depois da contestação, se optou por conservar no Campo Grande árvores com problemas fitossanitários. “Com aspirina e bom tempo pode ser que se mantenham”, diz.

Foto
Rui Gaudencio

A vereadora Alexandra Barreiras Duarte acusa a Câmara de Lisboa de ter agido, no caso do anunciado abate de árvores no Campo Grande, “ao arrepio” de uma moção aprovada por unanimidade pelos vereadores. Para a eleita do PSD, este caso demonstra que a maioria liderada por Fernando Medina “padece de uma legitimidade flutuante”.

O presidente da câmara acabou por reconhecer que nem tudo correu bem neste processo. "Acho que não estivemos bem. [O projecto inicial] não se enquadra na nossa orientação política", admitiu Medina. "Só posso lamentar a solução original", disse, acrescentando que "não há uma boa cidade sem uma boa cidadania activa".

Alexandra Barreiras Duarte considera que a câmara toma decisões “precipitadas”, que acaba por alterar “após alguma pressão”. No centro dessa crítica está o facto de na passada segunda-feira a câmara ter anunciado que afinal só iriam ser abatidas três árvores (e transplantadas cinco) no Campo Grande, quando as informações veiculadas na sexta-feira anterior por moradores da zona davam conta de que seriam 28.

“Como é que em poucas horas se altera a decisão? Como é que se transita de uma decisão de abater 28 para abater três?”, perguntou Alexandra Barreiras Duarte na reunião camarária que se realizou esta quarta-feira. A vereadora questionou também se o abate ia ser feito porque as árvores “obstaculizavam a obra” que vai ser realizada no local ou se resultava de uma “avaliação fitossanitária”.

A autarca lembrou ainda que em Junho a autarquia aprovou, por unanimidade, uma moção do PSD  na qual se defendia a adopção de “medidas cautelares e de carácter urgente, em matéria de prevenção e protecção do arvoredo da cidade de Lisboa” e se pedia que se privilegiasse o transplante em vez do abate.

“Para que é que servem as moções, pergunto? Qual é a sua utilidade política e normativa?”, questionou Alexandra Barreiras Duarte, que considera que o documento aprovado em Junho não foi  “tido em conta”. A autarca sublinhou também a necessidade de o Regulamento Municipal do Arvoredo de Lisboa, que está há muito à espera de ser apreciado na Assembleia Municipal de Lisboa, entrar em vigor. “Faz tanta falta à cidade”, afirmou a esse respeito.

Em resposta, o vereador das Obras Municipais garantiu que “as recomendações da câmara aprovadas, ainda por cima por unanimidade, são para cumprir”. Na interpretação de Manuel Salgado, aquilo que a referida moção dizia era que “deve ser feito um esforço para sempre que possível transplantar e não abater”. Algo que, alega, aconteceu no caso do Campo Grande, junto aos números 35 e 37.

Segundo o autarca, no projecto inicial, “elaborado no mandato anterior” pelo vereador Fernando Nunes da Silva, eram 26 e não 28 “as árvores que estavam em causa”. Dessas, explicou, 15 eram para abater (nove por causa do traçado e seis por questões fitossanitárias) e sete para transplantar.

Manuel Salgado acrescentou que entretanto se procedeu a “uma reformulação do processo” (algo que, assegurou, “não foi de um dia para o outro, foi um trabalho de semanas”) que permitiu “manter praticamente todas as árvores à custa de se perderem lugares de estacionamento”. Agora, assegurou nesta reunião camarária, aquilo que se prevê é que sejam abatidas apenas duas.

De acordo com o vereador, as árvores que iam ser abatidas por questões fitossanitárias já não o vão ser. “Com aspirina e bom tempo pode ser que se mantenham mais tempo, pode ser que se salvem”, disse, acrescentando que “ficaram as árvores em vez dos lugares de estacionamento”.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários