Em Setembro já pode haver antigos moradores a regressarem ao centro histórico do Porto

Além de 17 edifícios muito degradados que precisam de obras profundas, a câmara tem já 35 casas quase prontas a serem habitadas

Fotogaleria
Nelson Garrido
Fotogaleria
Nelson Garrido
Fotogaleria
Nelson Garrido

A Câmara do Porto tem, no centro histórico, 35 casas desocupadas que espera entregar a antigos moradores daquela zona da cidade já em Setembro. As habitações, que já foram reabilitadas e precisam apenas de alguns ajustes, somar-se-ão a outros 17 edifícios municipais, muito degradados, que vão ser reabilitados para a mesma função. Esta quinta-feira, o presidente da câmara, Rui Moreira, e o vereador da Habitação, Manuel Pizarro, visitaram dois dos prédios que deverão entrar em obras no próximo ano. No futuro poderão acolher até 14 famílias.

A autarquia já tinha anunciado que pretendia reinstalar no centro histórico cerca de 130 famílias, num programa orçado em mais de 4,2 milhões de euros e que está já a ser posto em prática. Na Rua de Trás e na Rua dos Caldeireiros há três edifícios (dois deles formam uma continuidade, com frente para as duas artérias e serão tratados como uma unidade) que serão reabilitados segundo um projecto da Paulo Moreira e Parq Arquitectos, a empresa escolhida depois de um primeiro convite a um grupo de arquitectos com reabilitações premiadas no centro histórico.

O projecto deverá estar concluído até ao final do ano – é, pelo menos essa a expectativa de Manuel Pizarro – e só nessa altura é que se saberá exactamente quantos apartamentos haverá para oferecer, mas o número poderá variar “entre 10 e 14”, além de alguns espaços comerciais ao nível do rés-do-chão, explicou o vereador da Habitação.

Manuel Pizarro reafirmou que a câmara “está compradora de imóveis no centro histórico”, com o intuito de pôr em prática “o programa político de, a médio prazo, levar pessoas da periferia para o centro histórico” e o presidente Rui Moreira garantiu mesmo que “nos próximos dias, a câmara irá exercer o direito de opção” na compra de um imóvel nesta zona nuclear da cidade.

Os futuros ocupantes destes prédios serão famílias que nos últimos dez anos foram transferidos do centro histórico para bairros camarários e que, questionados pela empresa municipal Domus Social manifestaram vontade de regressar. Um número que, segundo Manuel Pizarro, ronda “as 150 famílias”. Mas as casas poderão ser também utilizadas para receber outros moradores do centro histórico que precisem de mudar. “Na zona do Barredo temos algumas pessoas que se queixam de viverem agora em casas muito grandes para elas e que preferiam ir para um sítio mais pequeno”, disse Rui Moreia, explicando que estes casos dizem respeito, sobretudo, a idosos, cujas famílias saíram para outras habitações. As casas que estas pessoas deixarem vagas serão também reabilitadas para receberem novos moradores, garantiu o autarca.

Os prédios da Rua dos Caldeireiros e da Rua de Trás encontram-se em muito mau estado e totalmente desocupados. O arquitecto Paulo Moreira disse que, conforme é habitual, procurará manter, durante a reabilitação, “o máximo de elementos originais possível”.

A reabilitação destes primeiros prédios custará cerca de 950 mil euros. Rui Moreira diz que a experiência de cidades como Nova Iorque, Londres ou Paris mostra que o mercado, sozinho, não resolve os problemas de centros históricos envelhecidos e atractivos para o turismo. “O mercado não resolve, infelizmente, tudo”, disse o autarca, justificando a necessidade de intervenção pública nesta matéria.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários