Caravela-portuguesa avistada na praia do Guincho

Espécie liberta um veneno forte que causa reacção cutânea e dor intensa, pelo que o IPMA aconselha às pessoas que se afastem e que não lhe toquem.

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A caravela-portuguesa assemelha-se a uma medusa ou alforreca mas faz parte de outra classe de invertebrados. DR

Uma caravela-portuguesa (Physalia physalis), um organismo venenoso, foi avistada na manhã desta segunda-feira na praia do Guincho, perto de Cascais. Esta espécie já tinha sido vista no mesmo local e pela mesma pessoa no passado dia 11 de Janeiro, anunciou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em comunicado.

Não é recorrente aparecer na costa continental, pelo que esta ocorrência em Fevereiro foi uma das raras registadas ao nível da Península Ibérica. "Esta espécie é frequentemente confundida com medusas (ou alforrecas) devido ao seu aspecto gelatinoso mas é, na verdade um sifonóforo. É constituído por um conjunto de vários indivíduos simbióticos (zooides), cada um com a sua função específica, que funcionam todos juntos como um único organismo", explica o IPMA.

Este organismo possui também pequenos tentáculos com estruturas venenosas chamados cnidócitos que largam um potente veneno quando entram em contacto com outros organismos, mesmo que estes já estejam mortos. Este veneno causa na vítima uma forte reacção cutânea aliada a uma dor intensa, pelo que o IPMA aconselha todos para que se mantenham afastados dos animais e sobretudo que não lhe toquem.

As caravelas-portuguesas habitam águas quentes e temperadas de todos os oceanos. Em Portugal, encontram-se sobretudo nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, embora também já tenham sido avistadas na costa continental no passado.

O seu aparecimento em determinadas latitudes é difícil de prever dada a volatilidade da sua distribuição, influenciada por fenómenos atmosféricos e oceânicos mas sobretudo pelo vento. A caravela-portuguesa consegue viajar à boleia do vento porque tem uma vesicula cheia de gás que se assemelha a um balão flutuante, chamada pneumatóforo, adianta o IPMA. É este "saco" que faz lembrar uma caravela e daí o nome do organismo.

Com as mudanças climáticas, como a subida da temperatura e as alterações dos padrões dos ventos, o aparecimento da caravela-portuguesa em locais menos habituais está a tornar-se mais recorrente. Por isso, o IPMA solicita que, em casos de avistamento desta espécie, se tire uma fotografia e a envie para plancton@ipma.pt, assim como a indicação do sítio onde foi tirada, de forma a poderem ser efectuados os devidos avisos.

Texto editado por Ana Fernandes

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