Câmara aprova doação de terrenos ao SC Braga, com críticas ao PS

Ricardo Rio acusa de hipocrisia o PS, que votou contra entrega de terrenos para a academia do clube.

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O SCB quer transformar esqueleto das piscinas num pavilhão multiusos Nelson Garrido

A doação dos terrenos ao Sporting de Braga teve o voto favorável da maioria PSD/CDS-PP/PPM e da CDU. O PS votou contra, alegando discordar da localização escolhida, uma vez que defende outro destino para aquela parcela de terreno, nomeadamente a construção do parque da cidade. Os socialistas lembraram que esse foi, de resto, o motivo que presidiu à expropriação daqueles terrenos em 2004 por quase cinco milhões de euros.

Os socialistas levantaram mesmo a hipótese dos antigos proprietários exigirem a reversão do negócio, com base num eventual desvio do objectivo que levou à expropriação, um cenário afastado pelo presidente Ricardo Rio. "A natureza do equipamento é idêntica à que se pretendia na expropriação que foi, aliás, obscena, desmesurada e muito acima do que hoje valeriam aqueles terrenos, pelo que desafio o PS a apresentar um ex-proprietário que queira devolver o que recebeu na altura para ter de volta o seu terreno", apontou Ricardo Rio em conferência de imprensa após a reunião.

Já durante a tarde, em comunicado, a maioria acrescentou que “este é um processo que se arrasta há cerca de seis anos e o PS sempre se mostrou disponível para colaborar e participar. No entanto, ao contrário da CDU, que apresentou propostas e contrapartidas concretas para este processo, o PS manteve-se à margem, facto que demostra que ainda se encontra refém daqueles que no passado achavam que a academia desportiva era um projecto imobiliário a ser utilizado em benefício de alguns”. “No dia em que determinados terrenos deixaram de ser atractivos para a concretização da academia, alguém exerceu o seu poder sobre os seus vereadores justificando assim o voto contra”, acusa o autarca social-democrata.

Ricardo recordou que em 2011 a Câmara de Braga fez saber que “estava receptiva à apresentação de propostas para a instalação de uma academia desportiva”. Na altura, insiste, “a autarquia recebeu diversas propostas de agentes imobiliários, mas como o SC Braga colocou entraves à utilização de alguns dos terrenos apresentados, o processo ficou em ‘banho-maria’, não passando de um compromisso consensualizado entre todas as forças políticas, constando até no programa eleitoral do Partido Socialista às últimas eleições autárquicas”, argumenta.

O social-democrata realçou a importância do projecto do SCB para revitalizar a zona na qual será construída a academia desportiva, o Parque Norte,  junto ao Estádio Municipal. O autarca explicou que em troca dos terrenos, o clube "arsenalista" irá "reverter em benefício da comunidade os serviços da academia, com garantia de que a população vai poder usufruir do espaço", como exigia a CDU para votar favoravelmente a cedência.

Em comunicado, o Sporting de Braga congratulou-se com a decisão camarária de lhe doar aqueles 12 hectares de terreno realçando que é um "passo" no "sentido de permitir que esta obra, vital para o futuro de uma instituição quase centenária, possa finalmente ser levada a cabo". O clube deixou, no entanto, uma crítica ao PS: "Não podemos deixar de registar, com surpresa, a posição assumida pelo Partido Socialista, que desta forma contraria decisões do passado, em que propôs e votou a favor de várias doações a anteriores direcções do Sporting Clube de Braga".

Clube quer esqueleto de piscina inacabada
Para além da academia - que obrigará a um investimento próprio de cerca de 10 milhões de euros - o Sporting de Braga propôs-se ainda, na semana passada, a ainda a fazer o "aproveitamento" do projecto da piscina olímpica, cujo esqueleto seria adaptado para um pavilhão multiusos e para serviços do clube. "É uma proposta à qual não fechamos a porta, mas é preciso estudá-la", disse Ricardo Rio no final da reunião de câmara.

Situada perto dos terrenos agora doados, a piscina olímpica é uma “ruina dos temos modernos”, descreveu, na qual a autarquia investiu já oito milhões de euros. A estrutura mantém-se inacabada por ser "inviável" a conclusão do projecto original (que custaria mais 17 milhões de euros, além dos avultados custos de manutenção anual). Mas antes de tomar uma decisão, Rio considera que é necessário perceber qual a garantia do modelo de exploração do novo edifício e auscultar o arquitecto do projecto.

“Braga necessita de uma piscina olímpica, mas esta terá de ser comportável do ponto de vista económico e sustentável financeiramente em termos de manutenção o que, provavelmente, nos obriga um projecto raiz”, afirmou Ricardo Rio, sustentando que esse projecto “não será uma realidade num futuro próximo, visto não haver financiamento público e comunitário para equipamentos desportivos”, concluiu. Com Lusa

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