Filha de autarca ganha concurso em três dias
O PS de Serpa contesta os resultados do concurso público para o preenchimento de um lugar de técnico superior da Câmara de Serpa. A vencedora do concurso, que se destinava ao recrutamento de um engenheiro civil para um cargo de técnico superior, foi a filha do presidente da autarquia, João Rocha (CDU). Além disso, o presidente do júri de selecção é primo da vencedora e o concurso foi feito e decidido em três dias.
As desconfianças do PS vieram à tona na última sessão da assembleia municipal, realizada anteontem. Paulo Pisco deputado municipal socialista, já pediu ao executivo municipal liderado pela CDU "o processo, as actas e demais elementos informativos relativos ao concurso público" para analisar a vitória e a selecção de Amélia Rocha da Silva, um dos 12 candidatos que concorreram ao concurso. Os socialistas pretendem também ajuizar da validade da decisão do júri, pelo facto de neste haver um primo de Amélia Rocha.
Outra questão curiosa para o PS é que as avaliações dos restantes onze concorrentes "mostram uma grande disparidade nas notas", acentua Paulo Pisco, explicando que, enquanto Amélia Rocha obteve 17,7 valores, outros nove candidatos mereceram uma nota média de 6,5 valores. Facto que também merece reparos e pedidos de esclarecimento é o tempo "muito escasso" na avaliação das provas, cumprido entre sexta-feira, 28 de Maio, e o dia 31. Após três dias apenas, os resultados foram divulgados a 1 de Junho. Este período temporal corresponde a um fim-de-semana, facto que causou mais estranheza na bancada socialista.
Confrontado com a denúncia dos eleitos do PS, o membro do júri Carlos Rocha remeteu para o vice-presidente da Câmara de Serpa, Tomé Pires, a prestação dos esclarecimentos solicitados pelo PÚBLICO, adiantando apenas que o concurso ainda "não se encontra concluído", porque um dos candidatos formulou uma reclamação que "está a ser apreciada".
A candidata vencedora do concurso entende que não se deve pronunciar sobre "procedimentos e matérias da exclusiva competência da Câmara de Serpa". Mesmo assim, considera que, "sendo natural de Serpa, onde sempre residiu, tal como quase toda a sua família e amigos, e sendo a Câmara de Serpa a principal empregadora do concelho, não pode ser automaticamente impedida de se candidatar a um qualquer lugar pelo mero facto de possuir uma ligação familiar com o presidente da câmara". O PÚBLICO tentou ouvir presidente e vice-presidente da autarquia, mas não estiveram disponíveis. A mesma tentativa foi feita, sem sucesso, para ouvir um dos candidatos preteridos. Carlos Dias