Doca de Santo Amaro ganha pala e minipraça Sony
A Administração do Porto de Lisboa (APL) assinou ontem, com a empresa de construções metalomecânicas Martifer, um contrato destinado à construção de uma pala gigante para a zona da Doca de Santo Amaro, debaixo da Ponte 25 de Abril. Destinada a servir de cobertura a uma futura praça para eventos culturais e espectáculos, a obra deverá estar concluída em Junho do próximo ano.A estrutura tem também como objectivo "proteger as pessoas da queda de sujidade e reduzir o ruído provocado pela travessia rodo-ferroviária da Ponte 25 de Abril", explicou o director de planeamento do Porto de Lisboa, Manuel Anastácio. O local será transformado numa "minipraça Sony, com lotação de 3000 pessoas", referiu.O espaço, concebido pelos arquitectos Alberto França Dória e Barreiros Ferreira, custará cerca de um milhão de contos (cinco milhões de euros). Colocada a poente da Doca de Santo Amaro, a pala terá cinco mil metros quadrados e abrangerá a área entre o rio Tejo e os bares ali existentes. Será uma estrutura metálica tridimensional, revestida a chapa também metálica, com características especiais de insonorização e de reflexão do ruído vindo da ponte. A ideia é criar também um espaço abrigado do vento e da chuva que possa funcionar durante todo o ano.Em Junho de 2002, quando a pala estiver pronta, serão ali instalados dois novos edifícios, para permitir a construção do novo viaduto de Alcântara. O prédio que remata o lado sul destina-se a serviços e entidades actualmente instalados na parte nascente da doca, como o Clube Ferroviário de Lisboa e o Clube Português de Remo. O outro edifício, que faz o remate poente, destinar-se-á à restauração. É para este local, na zona intermédia entre os dois edifícios, que está previsto um palco. A zona de espectáculos será gerida pela associação dos concessionários da Doca de Santo Amaro, que a poderá alugar a entidades públicas ou privadas. O espaço destina-se ainda, segundo Manuel Anastácio, a espectáculos "espontâneos". Segundo o director do planeamento do Porto de Lisboa, prevê-se que os edifícios e os arranjos exteriores da zona estejam concluídos até Junho de 2003, altura do início das obras relacionadas com as acessibilidades rodo-ferroviárias de Alcântara. Este último projecto integra um conjunto de viadutos que substituirão o actual viaduto metálico - que, conforme refere Manuel Anastácio, "já não tem capacidade para escoar o tráfego existente".Hoje, o tráfego de lazer com destino às Docas, a circulação automóvel de passagem e o trânsito portuário seguem todos um único circuito, o que causa congestionamentos diários. O parque de estacionamento com capacidade para 600 viaturas que ali já foi construído destina-se a desviar para a zona da pala os automobilistas com destino às Docas. "Pretende-se criar uma nova entrada na doca que atraia os tráfegos de lazer, descongestionando o Largo de Alcântara. O acesso à doca passar-se-á a fazer pelo lado contrário ao actual, eliminando a promiscuidade de tráfego urbano e portuário", referiu Manuel Anastácio. A ideia "é criar um conjunto de viadutos que funcionem não como auto-estradas, mas como vias de superfície sobreelevadas onde os peões podem transitar entre a zona urbana, a norte, e a zona ribeirinha".Os sete milhões de contos (35 milhões de euros) que custarão todas as obras juntas vão ser pagos pela administração portuária (20 por cento), pela Câmara de Lisboa (dez por cento) e pela Rede Ferroviária Nacional, sendo os restantes 50 por cento financiados por fundos comunitários.Manuel Anastácio referiu que a Câmara de Lisboa está a desenvolver um projecto de requalificação da zona industrial de Alcântara, tendo em estudo um novo interface de transportes que permitirá cruzar as ligações ferroviárias com o metro e com os autocarros da Carris.