O buraco de ozono está a estabilizar, mas os químicos que substituem os CFC ajudam a aquecer o planeta
Apresentados resultados preliminares de estudo sobre a evolução desta camada protectora da Terra
O buraco do ozono sobre a Antárctida deve fechar-se em 2065, 15 anos mais tarde do que se previa, diz um estudo feito por uma equipa de 250 peritos da Organização Meteorológica Mundial e do Programa das Nações Unidas para o Ambiente. Apesar do atraso, os cientistas estão confiantes quanto à reabilitação total desta camada que nos protege dos raios ultravioletas. O pior é que os produtos que começaram a ser usados desde 1989 para evitar a destruição do ozono potenciam o aquecimento global.Os clorofluorcarbonetos (CFC) destroem a camada de ozono, e eram utilizados em sprays de aerossóis e equipamentos de refrigeração, como frigoríficos e sistemas de ar condicionado. Começaram a ser abandonados com o cumprimento do Protocolo de Montreal, assinado por 12 países em 1987.
Mas alguns dos produtos que começaram a ser usados em alternativa, os hidroclorofluorcabonetos (HCFC), são gases com um potente efeito de estufa - podem ser até 10.000 vezes piores que as emissões de dióxido de carbono. É por isso que o esforço de redução do buraco do ozono está a potenciar o aquecimento global, diz um relatório preliminar da avaliação da forma como está a evoluir a camada do ozono, que deverá ser publicado na íntegra em 2007.
"Salvar a camada de ozono reduzindo os CFC e ao mesmo tempo promovendo alternativas foi uma crise urgente. Mas há sempre necessidade de procurar novas substâncias seguras, eficientes em termos energéticos e que tenham o mínimo impacte ambiental", afirmou Marco Gonzalez, o secretário executivo do tratado.
O buraco do ozono, descoberto em 1986, cobre uma parte de Antárctida e as concentrações de gases atingiram os máximos na troposfera entre 1992 e 1994 e na estratosfera por volta de 1998.
O Protocolo de Montreal, considerado o tratado ambiental mais efectivo e que congrega mais de 189 países, foi concebido para lutar contra o buraco do ozono, e inspirou o Tratado de Quioto, em 1992, que tinha por objectivo diminuir as emissões de gases com efeito de estufa. Mas este documento, que os Estados Unidos se recusaram a ratificar, está longe desse sucesso.