Shinzo Abe reconhece que Japão usou escravas sexuais
a O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe pediu ontem desculpa por ter negado que o Japão tivesse obrigado mulheres coreanas a trabalharem em bordéis militares durante a II Guerra Mundial. "Estou a pedir desculpa como primeiro-ministro", disse, perante uma comissão parlamentar.No início do mês, o primeiro-ministro tinha causado polémica ao dizer que não existiam provas de que o exército japonês tivesse raptado coreanas para trabalharem como "mulheres de conforto". Agora, Shinzo Abe disse concordar com a Declaração de Kono, de 1993, na qual o Japão reconhecia o envolvimento oficial nestes bordéis. Mas, explica a agência Reuters, recusou-se a fazer novo pedido de desculpas, mesmo que o Parlamento adopte uma resolução nesse sentido.
Shinzo Abe tornou-se conhecido por lutar por uma solução para a disputa com a Coreia do Norte sobre cidadãos japoneses raptados por Pyongyang, há várias décadas, para serem treinados como espiões. E, sobretudo no estrangeiro, a sua posição na questão das escravas sexuais - que os historiadores da Coreia do Sul e do Japão estão actualmente a discutir como contar nos manuais - não tem sido vista com bons olhos.
Por isso o jornal norte-americano The Washington Post publicou um editorial em que dizia que Abe tinha "duas caras". Instando a comentar, o primeiro-ministro disse que estes são dois assuntos "completamente diferentes", relata a Reuters: "A questão dos raptos continua, porque as pessoas não foram libertadas pela Coreia do Norte."