Os dias maus do fim do BES
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29 de Dezembro de 2015
Mais de um ano depois da queda, o Banco de Portugal reabre o processo de resolução, com uma nova medida para o BES, retirando do Novo Banco 1985 milhões de euros em obrigações sénior, emitidas pelo BES, que regressam ao BES “mau”.
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13 de Janeiro de 2015
A ex-directora do departamento financeiro do BES, Isabel Almeida, afirma na comissão de inquérito que a troika tinha conhecimento da exposição do BES ao Grupo Espírito Santo.
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7 de Novembro de 2014
O PÚBLICO revela GES terá usado veículo financeiro para pagar despesas extras sem registo dos destinatários.
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3 de Agosto de 2014
É o dia da implosão do BES e do GES. É domingo à noite quando o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, surge nas televisões a anunciar a resolução do banco. Há uma frase que Carlos Costa vai carregar até ao fim do mandato: “Esta operação não implica custos para o erário público”. Carlos Costa estava a referir-se ao facto de o capital social do banco bom “ser integralmente subscrito pelo Fundo de Resolução”.
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1 de Agosto de 2014
É sexta-feira. Com a avolumar das dúvidas sobre o BES, as acções têm uma queda a pique. Os títulos chegam a recuar mais de 50% neste dia — e baixam para um novo mínimo histórico de 10 cêntimos —, obrigando a CMVM a intervir. Os títulos são suspensos.
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30 de Julho de 2014
O BES anuncia um prejuízo semestral histórico: de 3577 milhões de euros. O banco informa que “o custo com imparidades e contingências atingiu 4253 milhões de euros influenciado pelos factores de natureza excepcional”. O mercado aguarda o plano de recapitalização.
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21 de Julho de 2014
A equipa de gestão do BES, liderada por Vítor Bento, delibera fazer aproximar as operações de recompra dos valores de mercado. O relatório da comissão de inquérito do BES nota que “em momentos de proximidade temporal face a esta operação, vários “membros do Conselho Superior do GES, administradores e altos dirigentes do BES” venderam acções que detinham no banco, “nalguns casos alegadamente por necessidades pessoais de liquidez ou por posições friamente assumidas de índole estritamente económica, face aos valores de cotação em bolsa das referidas acções”.
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5 de Julho de 2014
Vítor Bento assume funções como líder do BES
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23 de Junho de 2014
José Maria Ricciardi vem a público revelar que foi convidado pela maioria do núcleo duro da família Espírito Santo para liderar o BES, mas que não avançou por não haver unanimidade. Com isso, fazia valer que Morais Pires fora uma segunda escolha e que não era por imposição do Banco de Portugal que não sucedia a Ricardo Salgado.
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20 de Junho de 2014
É noticiado que a família Espírito Santo escolhera Amílcar Morais Pires para o suceder a Ricardo Salgado
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Maio de 2014
José Maria Ricciardi entrega documentação ao Banco de Portugal que inclui o depoimento prestado pelo contabilista do GES, Francisco Machado da Cruz, a advogados do Luxemburgo sobre as contas da Espírito Santo International (ESI).
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Abril de 2014
Inicia-se a operação de aumento de capital social do BES, de cerca de mil milhões de euros, que durará até Junho.
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16 de Abril de 2014
Salgado demite-se do cargo de presidente do conselho de administração do BESI, ESAF, BEST e ES Tech Ventures.
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18 de Março de 2014
Salgado deixa de ser administrador da Espírito Santo International, ES Resources e ES Services.
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Primeiro semestre de 2014
A PT tem aplicados na Rioforte (subsidiária da Espírito Santo International, ESI) cerca de 900 milhões de euros em títulos de curto prazo (750 milhões de aplicações que migraram da ESI para a Rioforte, mais um valor adicional de 150 milhões de euros).
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Outubro de 2013
Pedro Queiroz Pereira (formalmente, a Cimigest) apresenta documentação ao Banco de Portugal a apontar para os problemas do Grupo Espírito Santo, incluindo discrepâncias entre os montantes dos activos e passivos reais face aos números das contas conhecidas.
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Maio/Junho de 2013
Vítor Gaspar, ministro das Finanças prestes a deixar de o ser, reúne-se com o presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, que se mostra preocupado com a situação do BES. Em “menos de 48 horas” é contactado por um alto quadro do Banco de Portugal, “com quem partilha as mesmas preocupações”, refere o relatório da comissão parlamentar de inquérito do BES.
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5 de Fevereiro de 2013
O Banco de Portugal emite um comunicado para afirmar que, à luz da legislação em vigor”, não há fundamento “para a abertura de processos de reavaliação de idoneidade em relação aos casos referidos na comunicação social”.
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2 de Fevereiro de 2013
O Banco de Portugal é questionado pelo PCP e pelo BE sobre a idoneidade de Ricardo Salgado.
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18 de Janeiro de 2013
Um despacho do procurador Rosário Teixeira indica que o presidente do BES não é suspeito no caso Monte Branco e esclarece que foi ouvido como testemunha, recorda o livro O último banqueiro: ascensão e queda de Ricardo Salgado
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17 de Janeiro de 2013
O jornal i noticia que Ricardo Salgado rectificou a sua declaração de IRS de 2011 três vezes ao longo de 2012, no valor de 8,5 milhões de euros, pagando um IRS adicional de 4,3 milhões.
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18 de Dezembro de 2012
Ricardo Salgado vai testemunhar ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) no âmbito do processo Monte Branco, pois o seu nome aparecera como cliente da gestora de fortunas suíça Akoya. Perante “rumores especulativos”, o BES informa que o presidente do banco “se prontificou voluntariamente a prestar os esclarecimentos que fossem considerados necessários pelas autoridades com vista ao cabal esclarecimento dos factos”.
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30 de Maio de 2012
Ricardo Salgado adere à amnistia fiscal criada pelo Governo, para regularizar em IRS (com uma taxa de 7,5%) dinheiro que oculara ao fisco. É o terceiro Regime Excepcional de Regularização Tributária (RERT) a que adere, pois já tinha aproveitado as excepções criadas em 2005 e 2010 pelo Governo de José Sócrates. “Com o RERT III houve regularização de 3,4 mil milhões de euros. Noto que apenas o meu nome se tornou conhecido…”, dirá ao Negócios em 2013.
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3 de Fevereiro de 2012
Com o país intervencionado e a banca europeia sujeita a critérios de capital mais exigentes, Ricardo Salgado anuncia que o BES não precisa de recorrer à linha de apoio da troika: “Não contamos recorrer à linha do Estado”.
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Final de 2010
A PT tem aplicados no BES e no GES 4992 milhões de euros (em depósitos, títulos e outros activos). Em termos absolutos, é o valor mais alto. No entanto, será em Maio de 2014 que, em termos relativos, se registará um pico, com 98% das disponibilidades de tesouraria aplicadas no universo Espírito Santo.
Os Números
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41
Número de arguidos existentes em Março do ano passado. A maior parte eram pessoas singulares, mas existiam oito pessoas colectivas
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107
É o número de volumes que o inquérito tinha esta semana, que correspondiam a mais de 43 mil páginas. Mas esta contabilidade deixa de fora os inúmeros apensos do caso.
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477
Era o número de imóveis arrestados em Março do ano passado, a que acresciam 231 frações temporais, 11 veículos automóveis, o recheio de seis casas e das instalações de uma sociedade, que incluía 143 obras de arte
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120 milhões
Era o montante que estava apreendido à guarda deste caso em numerário e aplicações financeiras em Março do ano passado
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252
É o número de volumes que o inquérito tinha esta semana, que correspondiam a mais de 43 mil páginas. Mas esta contaÉ o número de inquéritos que o Ministério Público decidiu concentrar no processo principal que investiga o colapso do império Espírito Santo
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100 milhões de ficheiros
É o produto das mais de 110 buscas realizadas em Portugal, Espanha, Macau e Suíça. Contêm sistemas operativos bancários, sistemas de contabilidade, contratos, documentos contabilísticos ou bancários redigidos em inglês, francês e espanhol.
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11
É o número de autoridades judiciárias que cooperaram com Portugal no âmbito deste caso. Uma delas, a Suíça, chegou a ter uma equipa conjunta de investigação com o Ministério Público português. As restantes são: Brasil, Espanha, Estados Unidos, Macau, Panamá, Dubai, Holanda, Bélgica, Alemanha e Luxemburgo.