A vida na colmeia
A colónia
As abelhas vivem em colónias, sendo por isso consideradas um superorganismo. Uma colónia é constituída por uma rainha, milhares de obreiras e muitos zângãos.
A rainha
Única fêmea sexualmente madura, é a mãe de todas as obreiras, dos zângãos e futuras rainhas. Nasce de um alvéolo especial — alimentada com geleia real — e pode viver entre 2 a 4 anos. É fecundada uma vez na vida — em voo e por vários zângãos — e chega a pôr dois mil ovos por dia.
As obreiras
Na colmeia existem entre 20 e 80 mil indivíduos. As obreiras constroem os favos, cuidam da criação, gerem a saúde da colónia, defendem a colmeia, procuram, recolhem e armazenam alimentos (pólen e mel). No pico da produção primaveril, vivem entre 15 e 40 dias. No Inverno duram alguns meses.
Os zângãos
Podem existir alguns milhares na colónia na Primavera e só servem para garantir a fecundação das futuras rainhas. Na Primavera vivem entre 20 e 30 dias; no Verão, 90 dias. Morrem depois de acasalarem com uma rainha.
Feromonas
A rainha estabelece uma complexa interacção com as outras abelhas por via da libertação de um conjunto de feromonas (compostos químicos). Uma delas inibe a fertilidade das obreiras.
A arquitectura da colmeia
Duas áreas: na base está o ninho, no topo, o espaço para produção de mel. As obreiras constroem os alvéolos hexagonais em cera para servirem de berçários e de reservatórios de pólen e mel.
As fases da vida da abelha
Depois de a rainha pôr um ovo no alvéolo, segue-se a fase de larva, pupa e adulto. Durante os 21 dias que dura todo o processo, as obreiras-amas cuidam de cada uma das futuras abelhas. Depois de nascer, a primeira tarefa de uma obreira é a limpeza dos alvéolos.
A decisão do género
É a rainha a que decide que dará origem a uma obreira, a um zângão ou a outra rainha. E orienta-se em função da dimensão do alvéolo. Nos mais pequenos põe um ovo que dará origem a uma obreira, nos maiores um ovo para um zângão. O de maior dimensão — o alvéolo real — está reservado para um ovo de onde nascerá uma nova rainha.
O alvéolo real
Todos os alvéolos são alimentados nos primeiros dias de processo de criação com geleia real, seguindo-se pólen e mel. As candidatas a rainha são exclusivamente alimentadas a geleia real.
Novo ciclo
Quando a rainha sai para enxamear, deixa na colmeia vários alvéolos reais prestes a eclodir. As rainhas virgens poderão conviver durante algum tempo, mas a primeira que conseguir ser fecundada matará as restantes candidatas ao cargo. Nasce assim uma nova colónia.
A enxameação
É o processo natural de reprodução da própria espécie e consiste na saída de parte das obreiras da colmeia com a rainha para a criação de uma nova colónia (numa gruta, num tronco de árvore ou noutra colmeia).
Viagem às flores
A partir do 23.º dia de vida, as obreiras dedicam-se à recolha de néctar e pólen e podem deslocar-se até 3km da colmeia. Cada abelha faz entre 10 e 15 viagens por dia.
A riqueza botânica
A qualidade e a diversidade de aromas e sabores dos méis portugueses resultam da riqueza da vegetação espontânea nos diferentes terroirs do continente e das ilhas.
O alimento das abelhas
As abelhas recolhem néctar e pólen, destinados à alimentação da colónia.
A escolha dos alimentos
As abelhas são atraídas por flores perfumadas e de cores vibrantes. Entre estas, escolhem aquelas que são mais ricas em néctar e pólen.
Capacidade de carga
As obreiras que recolhem néctar podem transportar para a colmeia entre 25 e 40mg por viagem. As que pastoreiam pólen, entre 10 e 30mg. Ao fim de mais de 800km de voo ao longo da sua curta vida, a abelha morre.
Néctar vs mel
A produção de um quilo de mel implica a recolha de néctar em cerca de quatro milhões de flores.
Como nasce o mel
O néctar que a abelha recolhe vai para o seu estômago, onde, por via do trabalho de enzimas, começa a ser transformado em mel. Quando a abelha chega à colmeia, transfere o preparado do seu estômago para o estômago de outra abelha. E é esta que, ao fim de 20 minutos, vai regurgitar o composto açucarado e colocá-lo nos alvéolos.
Quando está pronto o mel
O composto açucarado colocado nos alvéolos não é ainda mel porque tem mais de 50% de água. Só é mel quando o teor de humidade está abaixo dos 20%. E isso acontece porque as obreiras controlam a temperatura e a humidade na colmeia. Conseguem-no batendo as asas, criando assim as condições ideais de evaporação da água. Quando o que está no alvéolo é finalmente mel, as abelhas selam a célula com cera.
Cresta
É o processo de extracção do mel do interior das colmeias. Cada apicultor escolhe o momento da cresta em função do maneio adequado da colmeia e do perfil de mel que pretende colocar no mercado.
Própolis
Composto que resulta da incorporação de determinados sucos, produzidos pelas abelhas, em resinas que recolhem das plantas. É usada para vedar e desinfectar as colmeias. Tem propriedades antifúngicas e antibacterianas.
Geleia real
É uma secreção produzida pelas glândulas hipofaríngeas das jovens abelhas e serve para alimentar durante três dias todas as larvas da colmeia, sendo que, no caso da rainha, será durante todo o ciclo de gestação. Considerado um superalimento, é usado pelo homem como antioxidante e estimulante.
Pólen
O pólen é recolhido nas flores e utilizado como alimento pelas abelhas. A sua utilização na alimentação humana é mais recente do que o mel, mas o seu valor alimentar é igualmente elevado.
Pão-de-abelha
O pólen apícola é transformado no interior da colmeia em pão-de-abelha pela adição de mel e secreções salivares das abelhas. Este derivado polínico é armazenado nos favos, onde sofre um processo de fermentação. É a única fonte de proteína consumida pelas abelhas durante a fase de desenvolvimento larvar.
Hidromel
Considerada a primeira bebida alcoólica do mundo, resulta da fermentação de mel com água.