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No interior da Azovstal: os soldados e as suas marcas de guerra
Nos últimos dias, o Batalhão de Azov tem libertado imagens dos soldados retidos no interior da siderurgia de Azovstal.
A cidade de Mariupol caiu nas mãos do invasor russo, mas no interior do complexo metalúrgico de Azovstal, em Mariupol, de onde foram retirados a conta-gotas centenas de civis ucranianos, permanecem soldados do Batalhão de Azov, entre mortos e feridos. Os militares continuam a resistir aos ataques da Rússia sem água, sem luz, sem ar puro e quase sem mantimentos.
A vida no interior do complexo industrial do tempo de Estaline foi retratada visualmente por membros do Batalhão Azov, incluindo pelo porta-voz Dmytro Kozatsky (@kstsky) que fez aquela que disse ser "a mais dolorosa reportagem de Azovstal". As imagens de cenas da vida quotidiana e também do actual estado de saúde dos militares inundaram as redes sociais e correram mundo, disponibilizadas através da Reuters.
O caso dos soldados encurralados na siderurgia de Mariupol chegou na semana passada ao Papa Francisco quando Katheryna Prokopenko e Yulya Fedosiuk, as mulheres de dois comandantes do Batalhão Azov, foram convidadas a participar na audiência geral na Praça São Pedro, sendo recebidas brevemente pelo Sumo Pontífice durante o beija-mão.
“Falámos ao Papa sobre os nossos maridos, sobre os soldados feridos, os mortos que não podem ser enterrados. Pedimos-lhe ajuda para que ele seja uma terceira parte nesta guerra e nos ajude a garantir um corredor humanitário”, relatou Yulya Fedosiuk.
Nesta segunda-feira, soube-se que os últimos ataques russos à fábrica terão incluído o recurso a bombas de fósforo. Foi isso mesmo que alegou a Provedora de Justiça para os Direitos Humanos da Ucrânia, Luidmila Denisova, nesta segunda-feira. "Bombas e projécteis de fósforo são munições incendiárias reconhecidas como armas desumanas pelo direito internacional humanitário", lembrou Denisova na plataforma de mensagens Telegram, citada pelo El País.
O fósforo branco pode ser utilizado para iluminar tropas ou criar uma cortina de fumo, mas é proibido desde 1980 pelas Convenções de Genebra em áreas residenciais, uma vez que pode causar queimaduras graves.
As notícias mais recentes veiculadas pelo Ministério da Defesa russo indicam que foi acordado um cessar-fogo para retirar os soldados feridos. "Chegou-se a um acordo com representantes dos militares ucranianos sitiados em Azovstal, em Mariupol, para retirar os feridos", anunciou o ministério. “Foi aberto um corredor humanitário através do qual os militares ucranianos feridos estão a ser levados para uma unidade médica em Novoazovsk, na República Popular de Donetsk, para lhes prestar toda a assistência necessária”, citou a CNN.
Até agora, a Ucrânia ainda não confirmou esta informação.