Coronavírus
Cremações em massa, colapso dos hospitais: a catástrofe da covid-19 na Índia
Nos últimos três dias, a Índia atingiu um milhão de infectados por covid-19. Há doentes a morrer à porta de hospitais e o oxigénio escasseia. Especialista alerta: o pico da segunda vaga pode só ser atingido em Maio.
As notícias dão conta de um cenário catastrófico. Há doentes a morrer à porta de hospitais, sucessivas cremações em massa, escasseia o oxigénio — e há quem o receba dentro do carro, sem nunca entrar na unidade de saúde. Os hospitais têm vindo a alertar para uma grave falta de camas, medicamentos e equipamentos médicos e alguns já suspenderam mesmo qualquer admissão de novos doentes.
Estão reunidos os ingredientes para uma tragédia: a nova variante mais transmissível do SARS-CoV-2 pode ajudar a explicar o aumento vertiginoso de novos casos, num país cujo frágil sistema de saúde não consegue dar resposta às necessidades.
Nos últimos três dias, a Índia atingiu um milhão de infectados, ainda que nas últimas 24 horas tenha registado a primeira descida de óbitos em 14 dias e de infecções numa semana: menos 41 óbitos e quase menos 30 mil casos. A situação está a preocupar a comunidade internacional e vários países já estão a enviar ajuda — Portugal incluído. E pode não estar perto de melhorar: à agência Lusa, Gautan Menon, especialista em modelos de previsão da pandemia, afirmou que o país só deverá atingir o pico da segunda vaga "em meados de Maio", podendo atingir os 500 mil casos diários.
"A situação actual é muito grave e a positividade dos testes é de mais de 20%, por isso já há uma grande transmissão comunitária, que não parece provável que baixe no curto prazo", disse o professor de Física e Biologia da Universidade Ashoka, na cidade de Sonipat, a 40 quilómetros da capital, Nova Deli, a braços com falta de oxigénio nos hospitais.
"A maioria dos modelos sugere que os casos vão continuar a aumentar e que o pico será provavelmente em meados de Maio", antecipou, prevendo que o número de casos "deva chegar aos 400 a 500 mil" por dia. "Actualmente, há cerca de 340 mil a 350 mil [casos] diagnosticados por dia, mas a testagem não parece estar a acompanhar o aumento de infecções, por isso pode parecer que estão a baixar, mas pode ser apenas por causa dos testes limitados", afirmou.
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