China
Gigante: Pequim inaugura aeroporto com maior terminal do mundo
Estrela-do-mar ou fénix? Daxing é o segundo aeroporto internacional da capital chinesa e prepara-se para mais de cem milhões de passageiros por ano. Tem “os sistemas tecnológicos mais avançados” e o reconhecimento facial é omnipresente.
O Aeroporto Internacional de Pequim Daxing, que será a partir de Outubro a “casa” dos passageiros da Capital Airlines na rota directa Portugal-China, abriu oficialmente. Visto de cima, o aeroporto divide opiniões: há quem o compare claramente com uma estrela-do-mar e quem veja aquele que foi um dos motes imagéticos, uma fénix. Mas também quem veja uma mão e futurismo espacial. O projecto deixado pela sua arquitecta, Zaha Hadid (que morreu em 2016), e gerido pelo ateliê que continua a sua herança, permite muita imaginação. E, como seria de esperar, permite também números astronómicos, polémicas, alguns recordes e expectativas elevadas.
A inauguração do aeroporto decorreu esta quarta-feira, liderada pelo presidente chinês, Xi Jinping, a poucos dias da celebração do 70.º aniversário da fundação da República Popular da China (a 1 de Outubro), lembrando que este gigantesco projecto quer mostrar também a força económica da China e ser um sinal de futuro, particularmente numa altura de crise política em Hong Kong.
Localizado no extremo sul da cidade, reparte-se por cinco andares e chega com um primeiro slogan-recorde: o maior terminal aeroportuário do mundo num edifício único – são 700 mil metros quadrados de terminal, refere a BBC.
As áreas dedicadas às chegadas e partidas repartem-se por dois andares para cada, conforme os voos sejam domésticos ou internacionais. Para facilitar a ligação ao centro de Pequim, foi construída uma estação e toda a ligação ferroviária subterrânea de alta velocidade.
O orçamento da obra, que demorou perto de cinco anos, é também feito de números astronómicos: o aeroporto terá ultrapassado os 15 mil milhões de euros (120 mil milhões de yuan), adianta a Lusa. Mas, se forem incluídas a estação de comboios de alta velocidade, vias rodoviárias e infra-estruturas adjacentes, noticia a agência, o custo terá ultrapassado os 52,5 mil milhões de euros (400 mil milhões de yuans).
Apesar da dimensão, é “muito humano, é um terminal muito caminhável, a que se pode aceder numa escala humana, apesar de ser muito grande”, garantiu o director do atelier Zaha Hadid, o arquitecto Cristiano Ceccato ao canal chinês CGTN, citado pela revista Fortune, comparando o aeroporto a uma mão: “Temos uma palma e os dedos radiais. Todo o processo decorre na palma e a distância até ao avião, através dos dedos, na verdade, nem é muito longa”.
Uma cidade, dois aeroportos internacionais
Daxing irá complementar o aeroporto Pequim Capital, passando a cidade a ser das poucas do mundo com dois aeroportos internacionais. O Pequim Capital já tinha ultrapassado em muito a sua capacidade para passageiros: segundo dados do Airports Council International, viu transitar 101 milhões de passageiros em 2018 (15 milhões acima da sua capacidade máxima), sendo o 2.º mais movimentado do mundo.
Já o novo aeroporto espera “apenas” gerir 45 milhões de passageiros por ano inicialmente (Lisboa teve 29 milhões em 2018, o plano do Montijo prevê 7,8 milhões no primeiro ano), mas está já preparado para ir em crescendo: o atelier de arquitectura Zaha Hadid indica na apresentação do projecto que está desenhado prevendo “uma futura expansão para acomodar 100 milhões de passageiros por ano". E, por agora, adianta o South China Morning Post, poder-se-á assistir a 300 aterragens e descolagens por hora.
Localizado a cerca de 45 quilómetros do centro de Pequim, o aeroporto contará inicialmente com 16 companhias baseadas, atingindo 116 rotas, 15 delas internacionais. British Airways, American Airlines, Cathay Pacific ou Finnair são algumas das companhias internacionais que voarão para a nova estrutura.
A vida nova trazida por Daxing marca o fim da linha para o mais antigo aeroporto chinês, o Nanyuan, que estava em funcionamento desde 1910 e fica a pouco mais de 12 km do centro da capital chinesa.
High high tech e reconhecimento facial
As autoridades chinesas garantem ainda que o novo aeroporto será um dos tecnologicamente mais avançados do mundo. Com o contributo da Huawei e da China Unicom (operadora estatal de telecomunicações), integrará um sistema global denominado 5G smart travel, adianta a revista Fortune, com vertentes de inteligência artificial e realidade aumentada, entre outras. Um comunicado da empresa resumia o projecto, que integra outra ferramenta mais polémica, a do reconhecimento facial, que dentro da estrutura substitui cartões de identidade e passaportes: os passageiros terão o seu rosto registado e, do check-in aos controlos de segurança, passando pelo embarcar no avião ou até à confirmação do assento pelos assistentes de bordo, o sistema será omnipresente.