Fabian quer mudar a sociedade através da tipografia

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Os trabalhos de Nicolás Fabian — que se mudou da Argentina para Portugal aos seis anos com os pais — são provocantes e altamente politizados. Nicolás não esconde isso, afirmando que o seu objectivo é "transmitir o que se passa no mundo", sem medos nem papas na língua. Na página pessoal Paternal (nome do bairro argentino onde nasceu), publica os seus trabalhos e dá todas informações sobre os projectos.

 

A comunidade LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e intersexo) é tema recorrente nos seus trabalhos artísticos: desde uma parede com três letras que soletram a palavra FAG (termo americano discriminatório para os homossexuais) até a um desenho de Donald Trump com a legenda "Não precisamos de ti, cabrão", Nicolás demonstra o descontentamento com o que se passa diariamente no mundo.

 

"Estou inserido nessa comunidade e passei por um episódio [de bullying] que me fez sentir a necessidade de me manifestar", afirma o designer gráfico. O jovem de 22 anos, que reside em Lisboa, declara que, apesar de Portugal ser "um país avançado na questão LGBTI", o povo português que vive fora das grandes cidades "não possui mente aberta".

 

Os restantes trabalhos focam-se no retrato da vida moderna para os jovens: "falta de dinheiro e de trabalho", de acordo com Nicolás. As letras presentes nos muros e paredes são criações de Fabian, que vê na tipografia o "ponto de encontro entre as duas áreas" preferidas: o design gráfico e as artes visuais.

 

O artista retira inspiração das pequenas coisas que vê no dia-a-dia — publicidade, rótulos de embalagens e notícias — para criticar, "de uma forma geral", as injustiças sociais. O trabalho de Fabian já foi alvo de atenção pela revista Gerador, que acompanha as linhas artísticas traçadas no nosso país, e já teve uma exposição em Lisboa, na qual procurava perceber como os habitantes locais caracterizavam a zona lisboeta do Lumiar.