Eros Porto: entre erotismo e pornografia, a escolha é tua

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Valéria Tasso, sexóloga e autora de "Diário de uma Ninfomaníaca", começou por dividir pornografia e erotismo em função da classe social. A primeira para os mais pobres, a segunda para os mais abastados, defendeu. Da conferência inicial da 9.ª edição do Eros Porto até este domingo, a linha divisória entre ambas não foi assim tão fácil de traçar. De resto, nunca é. Há quem veja pornografia no erotismo e vice-versa, como talvez o possam constatar nesta galeria de Paulo Pimenta. E o argumento do que é ou não explícito como método para esclarecer a questão está longe de ser pacífico. Estamos longe do "erotismo dos corpos", do "erotismo dos corações" ou "do erotismo sagrado", como diria George Bataille no seu "Erotismo", um clássico do século XX sobre a sexualidade humana. Acima de tudo, o salão erótico do Porto, porque é assim que se chama, preza a diversidade: foi possível aprender mais de uma centena de posições do Kamasutra; descobrir o que é o "trampling" e até experimentar o "multitrampling" (ser pisado por várias mulheres em saltos altos ao mesmo tempo); fazer "workshops" para aprender a identificar "o vibrador perfeito" em "cinco passos"; ou perceber "a importância da respiração no acto sexual”. Nesta edição, na Exponor, em Matosinhos, o Eros baixou os preços para chegar a mais gente — e voltou a encher. Foram mais de 800 espectáculos, distribuídos por 12 palcos, durante quatro dias. E nem a presença da mais conhecida actriz portuguesa da indústria pornográfica, Érica Fontes, neste ano uma das porta-voz do evento, faltou. Para o ano há data redonda. De preferêcia com menos chinfrim. Quem disse que o Eros era indissociável da poluição sonora?