O fotógrafo Marcos Sobral esteve no Irão, em Taqanak, no dia de "Ashura", o chamado "Dia da Recordação" — décimo do primeiro mês do calendário islâmico. Neste dia comemora-se o aniversário da Batalha de Karbala que vitimou Husayn ibn Ali, neto do profeta Maomé. "O pesar por este mártir assume várias formas, como o "sine-zani", bater no peito, ou o "zangir-zani", bater em si próprio com correntes", disse o fotógrafo ao P3, assegurando, por experiência própria, que esta última prática é completamente simbólica e indolor. "Neste dia, o último das celebrações deste festival, faz-se uma reconstituição da batalha com cavalos, guerreiros vestidos a rigor , camelos e simulação de lutas, e incendeiam-se tendas gigantes, cujas labaredas atingem dezenas de metros", descreve. A origem desta celebração está na morte do neto do profeta Maomé que, no século VII, se recusou a jurar lealdade ao califa omíada Yazid I por considerar o seu Estado injusto. O seu gesto ganhou grande importância junto das comunidades xiitas que acabaram por derrubar o califado Omíada anos depois, alimentados pela revolta gerada por esse incidente. O trabalho fotográfico de Marcos Sobral pode ser visto aqui.