Energia solar rompe a escuridão de Myanmar

Ko Win Zaw Oo, 38, pescador e pai de dois filhos junto à sua embarcação em Lui Pan Sone, Kayah.
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Ko Win Zaw Oo, 38, pescador e pai de dois filhos junto à sua embarcação em Lui Pan Sone, Kayah.

Uma série de retratos nocturnos iluminados exclusivamente a partir de energia solar foi o resultado de mais de um ano de excursões às regiões rurais de Myanmar levadas a cabo pelo espanhol Rubén Salgado Escudero. "Assim que se saí dos grandes centros urbanos, após o pôr-do-sol, tudo fica muito, muito escuro." observou Escudero em entrevista ao P3. A ausência de fornecimento eléctrico é ainda uma realidade fora dos grandes centros urbanos. Foi durante uma visita a uma aldeia que reparou nos painéis solares instalados no topo de algumas casas; ao contactar com os moradores entendeu as verdadeiras implicações da ausência de energia eléctrica: "Comecei a perceber quão diferentes eram as vidas de quem as habitava, quão diferentes eram as suas actividades e o impacto que a electricidade tinha na sua qualidade de vida. Comecei a documentar, a tirar fotografias a estas pessoas, retratos nocturnos utilizando apenas energia solar como fonte de luz na própria imagem.” O projecto apresentou alguns desafios, do ponto de vista técnico, uma vez escassa em potência a fonte de luz presente na imagem. Escudero apontou a utilização de uma câmara que permita o uso de ISO elevado como essencial. "Às vezes passava uma hora a tentar posicionar a luz de forma a evidenciar o rosto ou a tentar criar uma determinada atmosfera no próprio local. Não havia muito tempo para planear, muitas das fotografias foram feitas quase de imediato. Não tinha um dia para pensá-las, tinha de, muito rapidamente, improvisar e executar. (...) Existem sempre uma ou duas lâmpadas que não estão visíveis na foto e que funcionam como enchimento. Pedi, algumas vezes, a alguém que estivesse a assistir que segurasse uma cana de bambú com uma lâmpada no topo, só para aumentar a luminosidade da cena." Após as publicações na Times Magazine, na Geo Magazine e do primeiro prémio no concurso Sony Awards, o projecto ganhou bastante notoriedade, que será canalizada pelo autor para dar início a uma campanha de "crowdfunding" que tem como objectivo a angariação de fundos para a compra, distribuição e instalação de painéis solares nas aldeias rurais de Myanmar, em particular as que se situam na zona seca. É possível seguir o trabalho do autor também através da sua conta do instagramAna Maia

Daw Chit Mone, 36. Parteira em Lui Pan Sone.
Ko Ba Aye, 26. com o seu filho de um ano Sai Kaung Htet Mon no exterior de sua casa em Lui Pan Sone.
Estudantes fazem o trabalho-de-casa num centro comunitário que utiliza energia solar em Taman Chan.
Mg Ko, 20 anos de idade. Agricultor junto a uma das suas cabeças de gado, em Lui Pan Sone.
Nyi Min Htut (46) e Cho Cho Win (40) têm uma loja alimentada a energia solar em Minglar Don.
Líderes da aldeia Inn Gaung caminham iluminados por energia produzida a partir de painel solar.
Daw Mu Nan, 45, agricultora e mãe de oito na casa dos seus netos em Pa Dan Kho.
Homens jogam Chinlone, o desporto nacional de Myanmar em Pa Dan Kho.
U Moe Sal, 67, e Ko Wai Naing Htoo, 43, jogam xadrez após um dia de trabalho agrário em Pa Dan Kho.
Trabalhadores de construcção cavam uma latrina em Pa Dan Kho.