Só sete países perderam mulheres em cargos de chefia e Portugal foi um deles

Relatório da Comissão Europeia diz que Portugal só tem 7,1% de mulheres em lugares de liderança, ocupando o penúltimo lugar da lista dos 27 Estados-membros.

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A meta da Comissão é que até 2020 se consiga atingir uma percentagem de 40% de mulheres HANNIBAL HANSCHKE/REUTERS

Os dados fazem parte de um novo relatório intercalar divulgado pela Comissão Europeia que traça a evolução sobre a igualdade de género neste ponto específico do campo laboral. O documento conta com números tanto dos sectores público como privado, no sector financeiro, político, judiciário e serviço civil.

Entre os países que melhoraram, destacam-se a Eslováquia, Hungria e Bulgária. Na lista vermelha, além de Portugal, surge a Roménia, Lituânia, Polónia, Malta, Grécia e Reino Unido. Em média, nos cargos de topo estão apenas 16,6% de mulheres, o que representa só uma por cada seis lugares, mas, mesmo assim, um crescimento de 0,9 pontos percentuais em seis meses.

A Finlândia é o país que consegue uma percentagem mais elevada (29,1%), seguida da Letónia (29%), França (26,8%) e Suécia (26,5%). Portugal fica-se pelos 7,1%  ocupando o 26.º lugar da lista, isto é, o penúltimo, ficando apenas melhor que Malta, que chega apenas aos 2,8%. No caso de Portugal o resultado representa uma quebra de 0,3 pontos percentuais entre Outubro de 2012 e Abril de 2013.

No relatório – que ainda não inclui a Croácia, 28.º membro da União –, a Comissão Europeia diz que a situação está longe de ser a ideal, mas considera que desde 2010, altura em que foi lançada a Estratégia para a Igualdade entre Mulheres e Homens 2010/2015, se têm vindo a sentir os efeitos positivos, nomeadamente de alguma legislação adoptada pelos países. A meta da Comissão é que até 2020 se consiga atingir uma percentagem de 40% de mulheres nos cargos de decisão.

Sobre áreas onde ainda continua a falhar bastante o progresso, o relatório destaca as mulheres que conseguem chegar a presidentes das maiores empresas da União Europeia: das 587 maiores empresas apenas 25 são lideradas por mulheres (4,4%). Em 14 dos países que têm empresas nesta amostra não há sequer nenhuma mulher. Portugal é um deles.

Evolução em Portugal em dez anos
Em termos de tendências a longo prazo, a percentagem de mulheres em conselhos de administração em Portugal aumentou de 3,5% em 2003 para 7,4% em Outubro de 2012, apesar de se terem registado algumas flutuações durante esse período. Em termos gerais, a mudança representa um aumento médio de 0,4 pontos percentuais por ano. A este ritmo de mudança, só no mínimo daqui a 75 anos os conselhos de administração terão pelo menos uma representação de 40% de cada género.

Apesar disso, os dados do organismo de estatísticas da União Europeia, o Eurobarómetro, dizem que 86% das pessoas em Portugal (e 88% dos europeus) consideram que, existindo competências idênticas, as mulheres deverão estar igualmente representadas nos cargos de liderança das empresas, e 84% (e 75% dos europeus) são a favor de legislação nesta matéria.

Em Março, o Instituto Nacional de Estatística também divulgou dados que indicavam que as mulheres portuguesas representam apenas um terço dos profissionais em cargos de chefia e as que chegam ao topo são por regra mais jovens, mais qualificadas, casam-se menos e divorciam-se mais.

O retrato foi feito na publicação Trabalhar no Feminino, a pretexto do Dia Internacional da Mulher. De acordo com os dados do Censos 2011, existiam nesse ano 108.890 mulheres a exercer a profissão como “dirigentes”. A idade média das mulheres em cargos de chefia fica-se pelos 43,3 anos (a média total é de 45 anos) e cerca de 36% possuíam um curso superior, face a 30% do total dos dirigentes.

No que se refere ao estado civil, 66,1% são casadas (nos homens, esta percentagem sobe para os 74,9%), mas as mulheres nos cargos de chefia ultrapassam os homens nos dados sobre os solteiros (são 20,8%, enquanto os homens são 16,4%) e divorciados (10,4% das mulheres contra 7,8% dos homens).
 

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