Sexta-feira não haverá Diário Económico nas bancas

Trabalhadores fizeram greve de 24 horas, num momento de indefinição quanto ao futuro do jornal.

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A Económico TV está a funcionar nesta quinta-feira. A empresa que detém o Diário Económico emprega 138 pessoas DR

Sexta-feira não haverá edição do Diário Económico à venda nas bancas. Os trabalhadores fizeram nesta quinta-feira uma greve de 24 horas, depois de meses numa indefinição, que perdura, quanto ao futuro da empresa que detém o jornal, bem como a Económico TV, e que emprega 138 pessoas.

A redacção decidiu pedir para ser recebida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, António Costa. Também foram pedidas audiências aos diferentes grupos parlamentares com assento na Assembleia da República.

No site do Diário Económico, a última notícia é das 23h07 de quarta-feira. Depois disso, só foram publicadas duas notas para informar os leitores da paralisação, que foi convocada para contestar a situação em que a publicação se encontra, incluindo atrasos nos pagamentos dos salários – a Económico TV, porém, continua no ar.

A comissão instaladora da comissão de trabalhadores não tem dados sobre a adesão à greve, mas foram poucas as pessoas que não se juntaram ao protesto. Muitas das que aderiram estavam nesta quinta-feira à porta do edifício onde está instalado o Diário Económico, em Alcântara (Lisboa).

A carta que distribuíram aos jornalistas transparece o estado de espírito dos que por ali se encontram. “Não pedimos que tenham pena de nós. Não somos excepção face a tantos outros trabalhadores que têm enfrentado a precarização do mercado laboral, os atrasos salariais, o desemprego”, dizem, pedindo ao mundo empresarial que “actue” para encontrar uma solução para a publicação.

“Há muito mais em jogo aqui do que a sobrevivência de um projecto. Acima de tudo, há pessoas, gente que tem defendido postos de trabalho e mantido o respeito por leitores e telespectadores”, escrevem na carta.

Paulo Pereira, jornalista e um dos membros da comissão instaladora, explicou ao PÚBLICO que os trabalhadores decidiram, num plenário realizado na última terça-feira, que “estão dispostos a manter as várias plataformas [jornalísticas] durante duas semanas”. Quando esse prazo chegar ao fim, terão de decidir os próximos passos, dependendo da possibilidade de se encontrar um novo investidor para o projecto.

Quanto ao cenário de fecho do jornal, afirma que, “além da drástica interferência na vida das pessoas [que nele trabalham], só servirá para piorar a qualidade da democracia, o pluralismo e a liberdade de informação”.

“Esta greve é uma chamada de atenção à sociedade civil, é uma tentativa de garantir que ainda há margem para assegurar a continuidade desta empresa”, explicou, acrescentando que os trabalhadores têm vivido “momentos difíceis”, em que “cada um procura dar a mão à pessoa que está ao lado”.

“Se somos líderes de mercado, se o site acabou de ter o melhor resultado de sempre, se a televisão [Económico TV] faz um trabalho notável, era o que faltava que não mantivéssemos a expectativa de que seja encontrada uma solução”, refere, sublinhando que, neste momento, as três plataformas são asseguradas por uma redacção de apenas 33 jornalistas.

Esta semana, a direcção editorial apresentou a demissão do cargo, fruto da “ausência de soluções para os constrangimentos às condições de trabalho”, referia um comunicado divulgado na terça-feira.

O Sindicato dos Jornalistas, que tem vindo a acompanhar este caso, afirmou nesta quinta-feira à Lusa que, além da preocupação com os trabalhadores, também "a diversidade informativa está em causa”.

Ainda há muitas dúvidas sobre o futuro da publicação, apesar do esforço que tem sido feito, pelos próprios trabalhadores, para encontrar um investidor que garanta a continuidade do projecto.

A Ongoing Strategy Investments, holding do grupo que detém o Diário Económico, entrou na semana passada em processo especial de revitalização (PER) de empresas devido às dificuldades financeiras.

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